julho 12, 2019

Clube dos Vagalumes

Por Elisabeth Santos




A intenção daqueles jovens na pequena cidade da Campanha, na década de mil novecentos e sessenta era juntar o “útil ao agradável” ajudando a comunidade local a ter uma vida melhor, e ao mesmo tempo ampliarem o próprio círculo de amizades. O Clube Vagalumes nasceu despretensiosamente, e foi aumentando à medida que outras entidades pediam sua colaboração em mutirão voluntário, em alguma ação social necessitada de força jovem e idealismo.

Era um grupo de seis ou sete moças e rapazes, aberto a novas adesões. Vieram adultos, adolescentes, pais de famílias, religiosos, todos dispostos a ajudar. O grupo de Vagalumes sabia que a “união faz a força” assim como aquele bichinho inspirador, ao voar em bandos nas noites escuras, sabia que uma pequena luz juntando-se a outras, poderia iluminar uma floresta.

Embora tendo normas de funcionamento conjunto, as boas ações surgiam de ideias isoladas que, expostas aos demais, eram de imediato aceitas. Mais ou menos assim: _ Vamos fazer? / _ VAMOS!

Para eles “não tinha tempo ruim” nem empecilho financeiro. Recurso material inexistente não era problema, mas era trabalho, e todos ali tinham disposição de sobra. Às vezes “bolavam” um baile e conseguiam emprestado um local. Noutras vendiam lugares num almoço festivo muito bem organizado, com a doação de “comes e bebes” conseguida de porta em porta com famílias de boa vontade, ou os comerciantes locais. Trabalhos prazerosos os da época... Ao final, diversão e muitos causos para contar aos netos e bisnetos daquela geração.

O baile azul, por exemplo, exigia que o participante viesse de azul, ou com algum detalhe daquela cor. O rapazinho quis passar sem trazer o obrigatório e foi literalmente “barrado no baile”. Intimado a mostrar a exigência dos organizadores da brincadeira, estendeu a mão exibindo a unha do dedo minguinho pintada de azul. Riso geral, pois a turma era forte também no bom humor.

As rendas dos divertimentos planejados beneficiaram Campanha, ou num trocadilho espirituoso, as campanhas dentro da cidade chamada Campanha (MG). Citando apenas algumas das realizações participativas a repercutirem entre a população da época: Mutirão para Saneamento Básico e Higiene (ACAR); Peça teatral com tema Ecológico; decoração com tapetes artísticos na rua da procissão de Corpus Christi; fortalecimento de atividades cívicas; reuniões com os diversos seguimentos sociais, e pequenos auxílios solicitados a tempo e à hora ao Clube dos Vagalumes.  

Professores, demais educadores, líderes religiosos e escolares, da cidade ou do campo aderiram a este Clube tornando-o poderoso! Os participantes fizeram por merecer a consideração, o respeito e a saudade de toda a população.




Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".   

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