Não sei a origem de tantas palavras diferentes ditas e
ouvidas várias vezes por dia, por onde passo. Fucei e escarafunchei, sem
resultado satisfatório. Enquanto isto escutei alguém explicando ao guri com
joelho ralado: _ É claro que ia se dar mal fazendo tanta estripulia!
Também ouvi a patroa gritando para a cozinheira tirar
a panela do fogo senão a comida ia esturricar.
Vó alertando a mais moça das netas:
_ Sua roupa está sureca, mostrando tudo, depois que
lavou e encolheu. Põe sentido nisso!
E o virote, o cangote, faniquitos e siricuticos
geraram um quiproquó danado que levou a prosa mequetrefe pro beleléu. Quem era
do balacobaco, pedante e cheio do borogodó se viu escangalhado e quiça
perebento, movido a urucubaca a vender bugigangas e cacarecos na praça. Tudo
porque cismou de não se adaptar às modificações.
O pé do meu ouvido ardeu por causa destes palavrões.
Lembrei-me da mistureba que provocava dor de barriga
ou piriri em quem comia de tudo e a beça no mesmo dia. Estive inculcada por
horas sem resultado, pois quem tentava explicar era zureta de tudo.
A língua pátria é móvel, acompanha não só o tempo como
as diferentes culturas juntas e misturadas. Afirmar que existe um vocabulário
único... não tem como, posto que até mesmo as idades diferentes das pessoas
forçam a aceitação da diversidade.
Data vênia, tenho dito, que dá para entender o que
está sendo falado prestando atenção no contexto. Quem não se comunica se
trumbica. E quem “trupica” numa pedra cai ou sai catando cavaco.
Há os que usam o b no lugar do v, mas ainda bem que
continuam “barrendo o passeio da frente da sua casa, com a bassoura”. Tudo OK.
Fui ao balaio das almas pesquisar para escrever este
texto estapafúrdio, num dia de ziquizira pegando forte, antes de virar
piripaque geral, pensando em desafiar mais alguém a citar palavras que o vento
já não traz, mas ainda surgem aqui e ali, do nada.
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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".