março 30, 2018

Excursões


Por Elisabeth Santos

Chears!

A primeira excursão gastronômica que participei foi em New York com parentes e amigos curiosos de provar receitas criadas pelos mestres dali. Excursão saborosa e variada: bebidas, molhos, acompanhamentos, salgados e sobremesas especiais.

Desta vez, excursionamos em Quebec (Ontário), abrangendo principalmente Gatineau, suas quatro irmãs (Hull, Aylmer, Buckingham e Masson-Angers) mais a capital do Canadá, Otawa. Começando por um simples brunch, mistura de breakfast com lunch que pode ser traduzido pela brasileira aqui, tal e qual um almoço perfeito para quem deseja passear bastante e conhecer de tudo um pouco.

A guia poliglota sabendo da preferência dos amigos ali reunidos indicou o melhor, confirmado pela extensão da fila à porta do estabelecimento. Os nomes das refeições são bem criativos, mas tudo ilustrado no menu, tornou fáceis as escolhas. Cada combo (ou prato) de, pelo menos, quatro tipos diferentes de alimentos abastecia bem o reservatório energético da turma.

E lá íamos nós, conhecendo lindos lugares, visitando monumentos e museus interativos, deslumbrados com vegetação e arquitetura cobertos de glacê, digo neve fofa, alva e friíssima.
Uma parada no mercado para conhecer o melhor de cada país: Comida americana, libanesa, mexicana, francesa, italiana ou oriental; artesanatos de vários povos; todos os idiomas juntos e misturados como dizemos cá no Brasil.

 _ Ah se o mundo pudesse ser essa grandiosa festa...

Por fim, a cada dia encerrado de visitas à História e tradição do Canadá, lauto jantar, ou creme de frutos do mar, conforme preferência do visitante estrangeiro, sempre por mãos mais que especializadas em bem servir.

E aqui fica mais uma sugestão, retirada de fato acontecido. Ao perguntarem a você, se deseja experimentar Cauda de Castor, responda que sim. Eu, por entender Caldo de Castor disse veemente não. Na insistência da maioria, já sabendo que o animalzinho construtor de diques, não estaria sendo sacrificado, aceitei, gostei e diverti-me com a confusão sonora que fiz com “caldo e cauda”. A venda era num quiosque ao ar livre (ou neve livre) e a fila só aumentava, para escolher o sabor e fazer o pagamento. Compensou! Mil vezes recompensada comi uma guloseima deliciosa! Mal comparando, pois só conheço pastel na América Latina: o formato do doce era de uma cauda de castor. Trata-se de uma massa frita semelhante ao popular pastel, passada no açúcar com canela. Sobre a massa, à sua escolha: compota de maçã, de banana ou até cobertura de chocolate.

Então, para mim é um “pastel aberto”, que se come quentinho, segurando em guardanapo de papel grosso.

Amei e vou experimentar fazê-lo em casa, para minha família.

Sugiro aos meus leitores que cheguem ao Bearvertails e experimentem.

Delícias experimentadas pela Beth lá no Canadá.


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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia". 

março 28, 2018

O que posso levar de comida para os Estados Unidos?


Quando vier aos Estados Unidos deixe para trás todos os produtos que podem conter insetos e doenças.
Não traga uma praga.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos - Serviço de Inspeção de Saúde Animal e Vegetal ensina que não devemos trazer certos produtos para o país. Alguns deles estão descritos no cartaz abaixo.

Viajantes: evite multas e atrasos.
DECLARE
Frutas e Vegetais
Plantas e Flores
Carnes e Produtos Animais
Animais Vivos

Doenças de insetos, plantas e animais estrangeiros e plantas invasoras podem ser prejudiciais à agricultura dos Estados Unidos. 
Assista também o vídeo que mostra o trabalho dos cães farejadores nos aeroportos do país. 

Clique no link e vá até o final da página para ver o vídeo.

Boa viagem!


O que pode entrar nos Estados Unidos em relação aos alimentos?




março 23, 2018

Montanha Russa

Por Elisabeth Santos

“O trem ficou ruço quando assumi o volante da montanha russa!”

....

Cheguei numa cidade que possuía o melhor parque de diversão do mundo. Ouvi a explicação de um guarda: _ Você vira a primeira rua à sua esquerda, anda dois quarteirões para virar à direita...


Eu ansiosa: _ Então é lá?

Ele muito atencioso:

_ Não. Em seguida você anda um quarteirão, e vira a esquina para o lado esquerdo...
Eu: _ Aí chego ao parquet?

De novo o atencioso e muito calmo guarda de trânsito:

_ Daquele ponto você avista o Parque aonde quer chegar.

Lá fui eu seguindo direitinho a instrução recebida.

Ocupei o lugar no trem, o profissional travou meu cinto de segurança, e em poucos minutos foi dada a partida. Existia um falso volante em frente cada cadeira e testei-o. Achei divertido! Mexia pros lados, pra cima e pra baixo.

O trem começou a subida. Num instante já disparava numa louca descida, e sentindo o frio na barriga, agarrei-me ao volante. Acho que associei aquele brinquedo à direção do meu carro, mas fiquei apavorada quando percebi que ele não obedecia meu comando. De rabo de olho chequei a reação dos meus companheiros de viagem, pois eu não queria demonstrar insegurança ou medo. Eles estavam de olhos bem fechados, e de boca bem aberta como se estivessem gritando. Eu não sabia ao certo se gritavam, ou não, por causa dos outros sons, principalmente das rodas nos trilhos. Só não vi faíscas!

Daí pra pior senti que o trem chacoalhava como se estivesse num caminho em ziguezague. Nesse trecho minhas mãos ardiam de tanto apertar o falso volante. Sem conseguir raciocinar com tanta rapidez quanto a velocidade daquele veículo... não tinha certeza se seria o trem ou o meu carro perdendo a direção!

Então chegou a parte pior: o rapidíssimo momento em que a montanha russa escreve “Ó” e todos os passageiros festejam. Eu comemorei o fato de ainda poder gritar “Ó” em uníssono aos colegas de aventura. Mais algumas voltinhas na desaceleração, e a viagem chegou ao fim. Mesmo querendo muito não consegui tirar a trave de segurança. Saí dali zonza.


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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

março 16, 2018

Imagem II

Por Elisabeth Santos




Meu pai ouvia a Hora do Brasil toda noite a partir das dezenove horas com o ouvido encostado no rádio. Depois ainda seguia o Repórter Esso Alô Alô mantendo-se bem informado de atos políticos e notícias em geral, todas do interesse do seu trabalho.

Eram os momentos em que seus filhos tinham de ficar quietinhos. Caso os menores não quisessem obedecer à lei do silêncio papai ficava muito bravo, pois não conseguia distinguir os sons que saiam daquela caixa preta, cuja dianteira assemelhava-se a um caminhão e seus faróis; cuja parte traseira de papelão bem grosso, os orifícios transpiratórios, deixavam escapar luz das válvulas e um cheirinho de plástico esquentado. De vez em quando, o ouvinte dava uns tapinhas na lateral do aparelho na tentativa de livrá-lo de alguma indesejável interferência.

Ao centro da mesa de dezessete lugares, o que significaria uma tigela com água ao centro? Dos janelões abertos vinham voando besouros atraídos pela luz da lâmpada. Fascinados pelo reflexo dela n’água... caiam ali onde se punham a nadar sem conseguir sair. Se algum ia atingindo a borda da vasilha recebia um peteleco e voltava à competição natatória. Torcedores daquela competição, com olhares inocentes, queriam a vitória do verde, do ocre, do marrom ou do pretão.

Quem ali se encontrava, com caderno de dever de casa aberto, reclamava de eventuais respingos. 

Mamãe, de ouvidos atentos a tudo que acontecia naquela sala, tinha mãos e olhos em seu bordado, na combinação de cores das linhas, nos detalhes do risco a seguir, e em sua cesta de costura. Este era o momento dela repousar as pernas por recomendação médica.

O ritual do horário de dormir tinha início às oito badaladas do relógio. Mamãe abria a cristaleira, retirava a lata de guloseimas e dava uma para cada um. Em seguida era a escovação dos dentes e cama! Havia um revezamento na contação de histórias pelo papai, quando não estava viajando, e da reza do terço pela mamãe, quando o sono estava demorando a chegar para a maioria.

Em nossas lembranças infantis, podíamos escolher em que terço haveríamos de rezar. Estes se embaraçavam num porta - joias, e eram de diferentes materiais, cores e comprimentos. Vindos de lugares diversos, oferecidos por pessoas queridas, cada qual trazia lembranças...

Só sei que o terço feito de caroços de azeitonas ninguém escolhia por ser o maior e passar a ideia da reza ser mais demorada.


Para ler a primeira parte desta história, clique aqui.





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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".



março 09, 2018

O Touro o Boi e a Vaca

Por Elisabeth Santos

Clique aqui para mais fotos lindas da amiga Leca Caram.

Quaisquer destes supracitados poderão atacar uma pessoa. O menos agressivo seria o boi. No presépio pegou a fama de balançar a cabeça sempre consonante com a maioria. No curral, na lida com bovinos, equinos e muares, entretanto, diz-se do boi nervoso que seria muito difícil de fugir a qualquer custo, enquanto “o boi sonso é o que arromba curral”. Este sim, arromba e dá fuga ao rebanho, gerando um trabalhão. Dizia-se também que a tristeza do boi era ir para o matadouro e ser chamado de vaca. Quem chega ao balcão do açougue está sempre pedindo carne de vaca. Talvez nem saiba toda a diferença. Não é costume exterminar vacas exceto as mais idosas. As que não dão mais crias. O gado de corte é preferencialmente escolhido entre machos criados para engorda. A carne é bem mais macia.

Do touro, conheço bem a fama, e sua agressividade nas touradas, rodeios, na espanhola farra do boi, e ainda quando detecta fêmea no cio. Então é perigoso em diversas ocasiões. Se vou atravessar o pasto de alguma fazenda de gado por aí, estarei igual a uma escoteira: Sempre alerta!

Ele, o touro, deu origem a várias lendas, e é sempre lembrado em nosso folclore. Mesmo que chamado de boi, não sendo castrado costuma ser touro. É o tal escapulido de um “_ Pega pra capar!”

A vaca é a mais difamada nessas histórias. Se um homem apaixonado se casa chamará a esposa de querida. Ao conversar com o advogado encarregado do divórcio só sabe dizer: _Foi aquela vaca doutor. Essa mulher não passa de uma vaca!

Existem vacas bravas sim! Umas de natureza, a maioria quando se assusta; ao sentirem a aproximação de estranhos ou, se passam perto do seu recém-nascido... Aliás, a vaca é uma supermãe que, podendo escolhe um local sossegado para ter filhote protegendo-o dos predadores.

As vacas mais bem cuidadas são as que dão mais leite, ou as que dão mais leite são mais bem tratadas? Eis a questão nascida na cabeça do retireiro do sítio do sô Zé. Isto aconteceu quando a Formosa, vaca castanha dos chifres avermelhados, deu-lhe uma puxada na camisa, ferindo seu braço, jogando-o ao chão. Guilhermino, voltando do médico, depois de levar nove pontos, foi conversar com o patrão. Este, muito calmo, com o cigarro de palha no canto esquerdo da boca, ouviu com atenção as queixas do camarada. Ao final argumentou e explicou a atitude da vaca brava, tentando uma concordância com a vítima. Perguntou três coisas ao Guilhermino: _ o que foi fazer perto da vaca na capoeira onde se encontrava, se ela nunca precisou ser buscada? Sempre sentindo o úbere cheio puxava a fila para o curral onde se dava o retiro do leite. Também voltava ao pasto por iniciativa própria.

A segunda pergunta foi sobre a quantidade de leite gordo que ela produzia diariamente. Era a melhor!

Por último falou sobre as crias daquela uma, que só fazia aumentar o rebanho a cada gestação, garantindo dinheiro nos bolsos do empregador e seu empregado. Guilhermino concluiu que a vaca não tinha ido ao seu encalço, ele sim invadiu seu território. Nunca mais haveria de incorrer neste erro. A vaca era dócil na hora do trato, nunca chutou o balde, e era o primeiro episódio de ferir alguém, embora ameaçasse diversas vezes.




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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".  

março 02, 2018

Outra vida

Por Elisabeth Santos


Numa conversa despretensiosa surge a questão sobre quem ali acreditaria em outra vida. O primeiro a falar, aumentou a dúvida: _ Depende da espécie de vida que quisermos abordar.
 
Daí para frente todos tinham um palpite.

Um disse que estilo de vida poderia ser considerado outra vida. Afinal alguém que enriqueça subitamente pode querer levar outra vida.

Aquele que obtém uma elevada posição sócio econômica, da noite para o dia, terá a partir de então vida diferente, ou até divergente da que tinha.

Quem comete um crime, arrependido muda de vida...

Quem vive dubiamente...

_ E a respeito de vidas passadas?

Um tanto de gente queria falar. Um dizia ter certeza de algum dia ter sido um faraó egípcio, pelo tanto que apreciava a extinta cultura. Outro afirmou que pelos seus sonhos repetidos, se achava um imperador romano. Ninguém ali se lembrava de ter sido um modesto lavrador, construtor, ou até mesmo escravo.

Até que alguém quis falar sobre a vida após a morte. Sem entrar no assunto evitado em roda de amigos, que é a crença religiosa pessoal, muitos externaram suas convicções e dúvidas também.

Ninguém ficou por fora do assunto. Queriam narrar causos ouvidos, presenciados, sonhados, imaginados; histórias lidas, vistas em filmes, ou em debates televisivos; experiências pessoais; e também alguns fenômenos inexplicáveis pela ciência.

A questão se resumiu numa única: _ Por que não nos é dado conhecer aqui o que existe do lado de lá?

O assunto rendeu mais uma hora, entre os que diziam que ninguém voltou fisicamente para relatar; e os que testemunharam ter visto sim.

Os ânimos se acalmaram ao ouvir a seguinte resposta:

_ Não me é dado conhecer o que há depois de morto, porque se for afirmado que lá é bem melhor, vou querer ir. Se me disserem que será ruim... terei de ir assim mesmo.

Fim do “papo”!


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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".