março 23, 2018

Montanha Russa

Por Elisabeth Santos

“O trem ficou ruço quando assumi o volante da montanha russa!”

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Cheguei numa cidade que possuía o melhor parque de diversão do mundo. Ouvi a explicação de um guarda: _ Você vira a primeira rua à sua esquerda, anda dois quarteirões para virar à direita...


Eu ansiosa: _ Então é lá?

Ele muito atencioso:

_ Não. Em seguida você anda um quarteirão, e vira a esquina para o lado esquerdo...
Eu: _ Aí chego ao parquet?

De novo o atencioso e muito calmo guarda de trânsito:

_ Daquele ponto você avista o Parque aonde quer chegar.

Lá fui eu seguindo direitinho a instrução recebida.

Ocupei o lugar no trem, o profissional travou meu cinto de segurança, e em poucos minutos foi dada a partida. Existia um falso volante em frente cada cadeira e testei-o. Achei divertido! Mexia pros lados, pra cima e pra baixo.

O trem começou a subida. Num instante já disparava numa louca descida, e sentindo o frio na barriga, agarrei-me ao volante. Acho que associei aquele brinquedo à direção do meu carro, mas fiquei apavorada quando percebi que ele não obedecia meu comando. De rabo de olho chequei a reação dos meus companheiros de viagem, pois eu não queria demonstrar insegurança ou medo. Eles estavam de olhos bem fechados, e de boca bem aberta como se estivessem gritando. Eu não sabia ao certo se gritavam, ou não, por causa dos outros sons, principalmente das rodas nos trilhos. Só não vi faíscas!

Daí pra pior senti que o trem chacoalhava como se estivesse num caminho em ziguezague. Nesse trecho minhas mãos ardiam de tanto apertar o falso volante. Sem conseguir raciocinar com tanta rapidez quanto a velocidade daquele veículo... não tinha certeza se seria o trem ou o meu carro perdendo a direção!

Então chegou a parte pior: o rapidíssimo momento em que a montanha russa escreve “Ó” e todos os passageiros festejam. Eu comemorei o fato de ainda poder gritar “Ó” em uníssono aos colegas de aventura. Mais algumas voltinhas na desaceleração, e a viagem chegou ao fim. Mesmo querendo muito não consegui tirar a trave de segurança. Saí dali zonza.


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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

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