Por Elisabeth Santos
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Quaisquer destes supracitados poderão atacar uma
pessoa. O menos agressivo seria o boi. No presépio pegou a fama de balançar a
cabeça sempre consonante com a maioria. No curral, na lida com bovinos, equinos
e muares, entretanto, diz-se do boi nervoso que seria muito difícil de fugir a
qualquer custo, enquanto “o boi sonso é o que arromba curral”. Este sim,
arromba e dá fuga ao rebanho, gerando um trabalhão. Dizia-se também que a
tristeza do boi era ir para o matadouro e ser chamado de vaca. Quem chega ao
balcão do açougue está sempre pedindo carne de vaca. Talvez nem saiba toda a
diferença. Não é costume exterminar vacas exceto as mais idosas. As que não dão
mais crias. O gado de corte é preferencialmente escolhido entre machos criados
para engorda. A carne é bem mais macia.
Do touro, conheço bem a fama, e sua agressividade nas
touradas, rodeios, na espanhola farra do boi, e ainda quando detecta fêmea no
cio. Então é perigoso em diversas ocasiões. Se vou atravessar o pasto de alguma
fazenda de gado por aí, estarei igual a uma escoteira: Sempre alerta!
Ele, o touro, deu origem a várias lendas, e é sempre
lembrado em nosso folclore. Mesmo que chamado de boi, não sendo castrado
costuma ser touro. É o tal escapulido de um “_ Pega pra capar!”
A vaca é a mais difamada nessas histórias. Se um homem
apaixonado se casa chamará a esposa de querida. Ao conversar com o advogado
encarregado do divórcio só sabe dizer: _Foi aquela vaca doutor. Essa mulher não
passa de uma vaca!
Existem vacas bravas sim! Umas de natureza, a maioria
quando se assusta; ao sentirem a aproximação de estranhos ou, se passam perto
do seu recém-nascido... Aliás, a vaca é uma supermãe que, podendo escolhe um
local sossegado para ter filhote protegendo-o dos predadores.
As vacas mais bem cuidadas são as que dão mais leite,
ou as que dão mais leite são mais bem tratadas? Eis a questão nascida na cabeça
do retireiro do sítio do sô Zé. Isto aconteceu quando a Formosa, vaca castanha
dos chifres avermelhados, deu-lhe uma puxada na camisa, ferindo seu braço,
jogando-o ao chão. Guilhermino, voltando do médico, depois de levar nove pontos,
foi conversar com o patrão. Este, muito calmo, com o cigarro de palha no canto
esquerdo da boca, ouviu com atenção as queixas do camarada. Ao final argumentou
e explicou a atitude da vaca brava, tentando uma concordância com a vítima.
Perguntou três coisas ao Guilhermino: _ o que foi fazer perto da vaca na
capoeira onde se encontrava, se ela nunca precisou ser buscada? Sempre sentindo
o úbere cheio puxava a fila para o curral onde se dava o retiro do leite.
Também voltava ao pasto por iniciativa própria.
A segunda pergunta foi sobre a quantidade de leite
gordo que ela produzia diariamente. Era a melhor!
Por último falou sobre as crias daquela uma, que só
fazia aumentar o rebanho a cada gestação, garantindo dinheiro nos bolsos do
empregador e seu empregado. Guilhermino concluiu que a vaca não tinha ido ao
seu encalço, ele sim invadiu seu território. Nunca mais haveria de incorrer
neste erro. A vaca era dócil na hora do trato, nunca chutou o balde, e era o
primeiro episódio de ferir alguém, embora ameaçasse diversas vezes.
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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
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