março 09, 2018

O Touro o Boi e a Vaca

Por Elisabeth Santos

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Quaisquer destes supracitados poderão atacar uma pessoa. O menos agressivo seria o boi. No presépio pegou a fama de balançar a cabeça sempre consonante com a maioria. No curral, na lida com bovinos, equinos e muares, entretanto, diz-se do boi nervoso que seria muito difícil de fugir a qualquer custo, enquanto “o boi sonso é o que arromba curral”. Este sim, arromba e dá fuga ao rebanho, gerando um trabalhão. Dizia-se também que a tristeza do boi era ir para o matadouro e ser chamado de vaca. Quem chega ao balcão do açougue está sempre pedindo carne de vaca. Talvez nem saiba toda a diferença. Não é costume exterminar vacas exceto as mais idosas. As que não dão mais crias. O gado de corte é preferencialmente escolhido entre machos criados para engorda. A carne é bem mais macia.

Do touro, conheço bem a fama, e sua agressividade nas touradas, rodeios, na espanhola farra do boi, e ainda quando detecta fêmea no cio. Então é perigoso em diversas ocasiões. Se vou atravessar o pasto de alguma fazenda de gado por aí, estarei igual a uma escoteira: Sempre alerta!

Ele, o touro, deu origem a várias lendas, e é sempre lembrado em nosso folclore. Mesmo que chamado de boi, não sendo castrado costuma ser touro. É o tal escapulido de um “_ Pega pra capar!”

A vaca é a mais difamada nessas histórias. Se um homem apaixonado se casa chamará a esposa de querida. Ao conversar com o advogado encarregado do divórcio só sabe dizer: _Foi aquela vaca doutor. Essa mulher não passa de uma vaca!

Existem vacas bravas sim! Umas de natureza, a maioria quando se assusta; ao sentirem a aproximação de estranhos ou, se passam perto do seu recém-nascido... Aliás, a vaca é uma supermãe que, podendo escolhe um local sossegado para ter filhote protegendo-o dos predadores.

As vacas mais bem cuidadas são as que dão mais leite, ou as que dão mais leite são mais bem tratadas? Eis a questão nascida na cabeça do retireiro do sítio do sô Zé. Isto aconteceu quando a Formosa, vaca castanha dos chifres avermelhados, deu-lhe uma puxada na camisa, ferindo seu braço, jogando-o ao chão. Guilhermino, voltando do médico, depois de levar nove pontos, foi conversar com o patrão. Este, muito calmo, com o cigarro de palha no canto esquerdo da boca, ouviu com atenção as queixas do camarada. Ao final argumentou e explicou a atitude da vaca brava, tentando uma concordância com a vítima. Perguntou três coisas ao Guilhermino: _ o que foi fazer perto da vaca na capoeira onde se encontrava, se ela nunca precisou ser buscada? Sempre sentindo o úbere cheio puxava a fila para o curral onde se dava o retiro do leite. Também voltava ao pasto por iniciativa própria.

A segunda pergunta foi sobre a quantidade de leite gordo que ela produzia diariamente. Era a melhor!

Por último falou sobre as crias daquela uma, que só fazia aumentar o rebanho a cada gestação, garantindo dinheiro nos bolsos do empregador e seu empregado. Guilhermino concluiu que a vaca não tinha ido ao seu encalço, ele sim invadiu seu território. Nunca mais haveria de incorrer neste erro. A vaca era dócil na hora do trato, nunca chutou o balde, e era o primeiro episódio de ferir alguém, embora ameaçasse diversas vezes.




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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".  

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