janeiro 27, 2017

Dom ratão

Por Elisabeth Santos

©  | Dreamstime Stock Photos

Dom Ratão, que antes de cair na panela de feijão, foi papai de um camundongo, a quem vivia recomendando que não entrasse em escritório algum. E explicava assim:

_ Escritório é um local tentador para nossa espécie. Tem muito papel para roermos. Tem copa/cozinha vazia toda noite, sábado, domingo e feriado inteiros. Em compensação, meu filho, ao chegar a equipe da faxina não sobra um esconderijo para nós. Arrastam móveis; abrem gavetas; varrem os cantinhos; levantam tapetes; vistoriam arquivo morto tentando achar algum ser vivo por ali.

_ E acham papai? – pergunta trêmulo o camundonguinho, com os dedos na boca.

_ Ah meu filho, quando acham é um Deus nos acuda, porque o faxineiro-mor grita “Cerca aí”, e cada colega vai para uma saída emergencial, vassoura ou rodo na mão, dando início à caçada!

_ Tá bem pai. Nunca haverei de entrar em escritório algum.

Certo dia estando numa brincadeira de Pique Esconde com amigos da sua idade, Dom Ratito viu-se num lugar maravilhoso onde pessoas assentadas em frente a mesas de poucos papéis, olhares fixos numa tela, não prestavam atenção às suas bolsas. Atraído por um aroma de chocolate, baunilha e passa, entrou numa bolsa semiaberta pressentindo lanche de primeira qualidade. Roendo a embalagem para atingir a guloseima,

inebriado talvez... Nem percebeu que a dona da bolsa, terminado o serviço no escritório, fechou a bolsa e já estava caminhando de volta ao lar.

O camundongo manteve-se quietinho ali dentro, embora apavorado.

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Segunda parte

_ Queridooo chegueeeiiii! Trouxe seu chocolate preferido...

Abriu a bolsa diante do marido e o camundongo pulou lá de dentro com a ligereza que todo rato tem.

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Terceira e última parte

Desconheço o desfecho da história depois que uma equipe de detetives foi contratada para descobrir onde se escondeu o roedorzinho desastrado.

FIM




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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

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