Por Elisabeth Santos
Eu a conheci numa viagem de trem de ferro pelas montanhas do Sul de Minas a caminho do Norte do estado de São Paulo há muito tempo.
Todo mundo queria argui-la sobre alguma decisão importante a ser tomada, e de relevante importância justamente porque a estrategista, que passo a chamar por Hivanista tinha várias ideias consideradas viáveis para um só problema. O tamanho do problema nem era considerado. De imediato ela se punha a pensar segurando o queixo com a mão esquerda e olhando para o chão. Às vezes, nem olhando. De olhos quase fechados, ia pensando e falando. Dali a pouco, erguia a cabeça e respondia o que havia encontrado, como prováveis caminhos a serem tomados na “solucionática” da problemática. Escrevi no plural, pois para Dona Hivanista, uma boa estratégia sempre teria uma saída emergencial decente.
Então se a criança da comadre estava sempre a vomitar nas viagens de trem, mesmo com remedinhos caseiros, talvez fosse bom colocar-lhe no pulso um amarrado (tipo pulseira) de palha seca. Mas o que será que uma coisa teria a ver com outra? A explicação era psicológica.
E se o adolescente estivesse enveredando pelo caminho da pinga? Uma gota de certa erva passada na borda do copo que ele usava far-lhe- ia ter nojo da tal bebida.
Caso o namoro da moça estivesse por um fio, devido a um triângulo amoroso querendo instalar-se no relacionamento... Que tal um café coado na meia (do pé esquerdo) do amado, servido diariamente a ele por um mês?
Mas, se a causa das discussões familiares fosse sempre devido a renda curta para mês longo... Dona Hivanista, de sobrenome Estrategista, rebatia com vários “cês”: Contabilidade incorreta, carestia, cotação do dólar, cartão de crédito estourado, caderneta de poupança com juros aquém da inflação, cautela com empréstimos bancários, e... Cadeia aos corruptos e corruptores.
Em matéria de ”causa e efeito” a lista de Hivanista Estrategista era bem realista, porque prevista em várias revistas!
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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
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