dezembro 30, 2016

Confraternização

Por Elisabeth Santos

©  | Dreamstime Stock Photos

Aconteceu num encontro de grupos de Terceira Idade, que alguns avós por não saírem de casa sozinhos, foram acompanhados por seus jovens netos. Os organizadores acharam que aquelas crianças, quase adolescentes, haveriam de ficar entediados, pois neste dia estava programada uma Dinâmica do Grupo. Os menores poderiam não entender o que parecia brincadeira de roda e não era. De mãos dadas naquela grande ciranda, a líder passou as instruções:

_ Cada par de mãos dadas, simbolicamente, é uma porta a ser aberta. 

Para abri-la, quem começa escolhe a porta caminhando em direção a dois colegas e diz o porquê da escolha. Para dar continuidade ao jogo, a pessoa do lado esquerdo sai à procura de porta para abrir e quem já abriu a porta fica em seu lugar. Assim prosseguiremos até que todos tenham oportunidade de participar.

As pessoas iniciavam a justificativa lembrando amizades de longa data, companheiros de escola, vizinhança e parentesco. Encerravam suas falas ressaltando o quanto apreciavam estar ali naquele momento e ter a oportunidade do encontro.

Um dos fundadores do grupo de idosos intitulado ”Amigos do Coração” contou, que a ideia de se organizarem surgiu nas caminhadas matinais recomendadas pelo médico do Programa Saúde das Famílias e homenageou em público uma colega, que segundo ele, merecia ser chamada de “Verdadeira Amiga de Todos”.

Esta por sua vez, tendo ainda uma porta a abrir, dirigiu-se a duas crianças, dando-lhe as mãos. Como previsto, a da esquerda entrou na roda para abrir sua porta:

_ Escolhi esta pessoa que conheço muito, é meu avô e amigo também. 

E olhando fixamente para quem dava a mão ao idoso falou assim:

_ E essa moça aqui eu não conheço, mas agora é minha amiga também!

E a confraternização explodiu num aplauso pela espontaneidade da declaração de alguém tão jovem, ilustrando tão bem “como abrir uma porta a novas amizades”.





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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

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