agosto 15, 2014

Viagem corriqueira


Saí da minha casa às 6:15h para pegar o ônibus na rodoviária da Campanha para ir à Varginha. O sol ainda não havia dado o ar da graça por ser inverno e estar caindo um chuvisqueiro. Andei pelo meio da rua deserta. O asfalto negro à luz dos postes brilhava lavado deixando ver todo o percurso da Rua Desembargador Miranda até a Praça da Catedral. Por ser sábado e chuvoso, o movimento de carros inexistia. Só vi um senhor saindo de seu portão para pegar a caminhonete estacionada em frente a casa. Da Praça Dom Ferrão em diante a luz dos postes refletiam nos paralelepípedos onde a textura da irregularidade natural do calçamento antigo brilhava.

Chegando à rodoviária, comprei a passagem e entrei no ônibus que tinha acabado de estacionar para pegar os passageiros. As paradas foram muitas e rápidas para deixar um e outro aqui e ali. Cochilei, e passados 55 minutos do embarque estava chegando a Varginha. 

Fiz o trajeto até o centro a pé, bem devagar, observando pontos comerciais que já estavam abertos: padarias, casas de frutas, alguma farmácia... Tinha de “fazer hora” para encontrar “minha” loja aberta. Ao mesmo tempo não podia parar por ali, pois se batesse um chuvão estaria distante do meu objetivo e na certa me molharia arriscando gripar-me. Na Avenida Antônio Carlos apreciei o artesanato exposto no Teatro Capitólio. Tudo muito lindo feito por mãos habilidosas de artesãos locais.

Então parei numa lanchonete de muitas mesas e cadeiras vazias para beber café expresso que é o único que servem sem adoçar. Uma delícia! A conversa animada dos funcionários era agradecendo a chuva caindo mansinha, limpando o ar, hidratando tudo, depois de tão prolongada estiagem.

Na rua do comércio principal, já havia algum magazine aberto, entrei e adquiri um aquecedor de ambiente para o meu “lar doce, e gelado lar” (quase sorveteria). Cheguei à loja de Games e estava fechada. Sentei-me no degrau da escadinha de entrada, puxei barbante e agulha de crochê da bolsa e comecei a tecer. Escutei um passante comentar que eu exercitava a paciência. Quando o proprietário abriu a loja, fui a primeira a ser atendida. 

Muito feliz, recebi de suas mãos o jogo consertado, coloquei na sacola enorme que trouxera para isto mesmo e retomei o caminho da rodoviária. Devagar, apreciando vitrines, que o horário de ônibus era às 11:30h, e dava tempo de fazer uma “fezinha” na mega sena acumulada em $22.000.000. Ah se eu ganhasse um dinheirão desses... A primeira coisa que ia fazer era um salão de encontro para os “Amigos do Coração” meu grupo de terceira idade.

Cheguei à rodoviária de Varginha e aguardei o ônibus de volta a Campanha... tecendo meu tapetinho de crochê. A atividade protegia-me da prosa ruim de bêbado ou pedinte a circular por ali. Gosto de conversar com a tomadora de conta do banheiro. Está sempre alegre e animada.

Na vitrine de “lembrancinhas” um cartaz ”HOJE É DIA DOS AVÓS”!


_Viva feliz a vovó!



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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

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