agosto 08, 2014

Mazzaroppi


Assistindo na telinha o filme “O filho preto do Jeca” veio-lhe a ideia de pesquisar se alguém já havia dito que Mazzaroppi foi o Charles Chaplin brasileiro. E não é que o jovem achou? Mazzaroppi dizia mesmo haver se inspirado no Carlitos para criar seu personagem JECA! Mais do que isto, vendo outros filmes do ator, o jovem universitário listou os muitos outros talentos do Mazza: roteirista, diretor, ator, cantor, figurinista, e piadista, CLARO! A cada fala do Jeca, um motivo para rir.

No argumento de “O filho preto do Jeca” há várias curiosidades. Uma delas fazia parte de uma discussão científica da década de 1970: pode uma mulher gerar em seu ventre gêmeos de cores diferentes? Poderia, dos gêmeos um ser filho de um pai, e o segundo filho de outro pai?

Por ser mulher honesta, no filme a sociedade não questiona sua honradez, mas o JECA seu marido sim. (Um ciúme bem próprio de machistas.) E ele não perde uma oportunidade de fazer sua esposa chorar por causa do filho preto que desconfia não ser seu.

Quando esta criança tornou-se homem feito, quis casar com a moça mais linda, culta e rica do pedaço: a filha do patrão! E o pai da moça dá uma corrida no rapaz dizendo ser aquela união impossível. O Jeca e sua mulher também tentam tirar da ideia do filho preto, pobre e de pouco estudo aquela união que acreditavam não ter chance de dar certo. O moço insiste, e não desiste da ideia, até que... a verdade é revelada.

Falar de preconceito e descriminação de raça ou cor, não bastou ao Amacio Mazzaroppi. Tinha que ir pro lado da moral também. No final do filme, e primeiro momento da cerimonia do casório dos jovens personagens, uma velha parteira confessa que no mesmo dia em que, há vinte anos passados, atendeu a parturiente branca, atendeu outra, negra... 

E quem queria saber por que a parteira tinha resolvido juntar as crianças no lar do casal branco ficou surpreso com tantas revelações finais: o pai do neném negro, não era o marido da mãe preta e sim... o patrão deles todos, o proprietário das terras, o PAI DA NOIVA! (Por isso o pai da moça afirmava que aquele seria um casamento impossível.) O noivo e a noiva eram meio irmãos! Também por isso a mãe negra não queria a cria: tinha sido forçada a manter relação sexual com o patrão.

Voltando o enfoque para seu herói MAZZAROPPI, o jovem universitário em sua pesquisa descobre que o Charles Chaplin brasileiro: construiu seu estúdio, fez e distribuiu seus filmes com recursos próprios! 

Concluiu então pela genialidade do ator, que até hoje tem hora e vez nas emissoras de TV brasileiras, e que se tivesse vivido mais... Beneficiaria a P.A.M. com as leis de incentivo à cultura ora existentes.



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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

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