A gente cá na Terra pensando em bomba
atômica depois de tantos atos terroristas, e a chegada de um inimigo invisível
trouxe espanto generalizado. Como pôde acontecer? Não temos espiões eficientes
que poderiam ter trazido a notícia de uma ameaça biológica de humano para
humano? Nossos avanços científicos, eletrônicos, de chips a inteligência
artificial não deram conta de avisar-nos com antecedência sobre perigos que
poderiam vir por costumes simples já arraigados na maioria da civilização e
ora abandonados?
O que aconteceu mesmo? As respostas
são diferentes umas das outras e vêm de todas as camadas sociais, crenças,
costumes e regimes políticos do mundo.
Fico com esta opção:
- Já havia acontecido antes, mas ninguém pensou
numa prevenção através de uma espionagem bem paga. Tipo... sei que em certas
partes do mundo estão acontecendo mortes horríveis por sufocamento causado
ninguém sabe porque, ou por quem. Vá lá investigar e volte para nos contar.
Aqui começa a inspiração para uma
peça teatral a partir de poucas linhas bem escritas.
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Entra em cena, num palco iluminado,
vestido de dourado, o homem bola rolando. Bate na parede, desenrola e espreguiça.
Acabava de acordar para a realidade:
- Certo organismo vivo minúsculo mantem todos
os humanos presos em suas casas por tempo indeterminado e eu, o homem bola
estava sem o que fazer. Cheguei aqui por puro acaso e tenho que fazer meu
número pois há uma distinta plateia, embora de seres esqueléticos, parados e
mudos. Parados, mas parecendo esperar algo novo.
Eis que surge no mesmo palco um
personagem esquisito falando sozinho. Depois outro, e outro, e mais outro. As
conversas deles não fazem sentido por não se encaixarem em idiomas reconhecidos
pelos responsáveis pela peça teatral.
- Esta peça não está agradando...
- E, no entanto, nenhum dos esqueletos
da plateia se manifesta...
- Claro que não seu Idiota. Não
percebe que são de papelão. Todo mundo tá nos assistindo pelo celular. Ninguém
pode sair de sua casa em tempos nefastos como os que estamos vivendo Zé Mingué!
_ Hei colega! Muita calma nesta hora.
Não queiramos nós, pobres mortais, atrapalhar ainda mais a problemática.
Voltemos ao trabalho.
_ Não acho sermos suficientes para a “solucionática”.
Quero ajuda da Gisele, a espiã nua que abalou Paris; preciso urgente do sr.
Zero Zero Sete aqui, e agora. Tragam também todos os bons detetives desde o que
diz: - Elementar meu caro Watson, até o Bolinha de Eugen, com sua lupa e a
frase finalizadora de buscas resolvidas... ”O Aranha ataca outra vez”.
Começa a busca dos sinais: onde,
como, quando e o porquê do CORONA passar de animais selvagens para humanos.
Essa foi fácil:- Na fome, estes engoliam aqueles!
No palco chegou um dragão a ser
morto, e devorado por aldeões.
Cena tenebrosa!
Em seguida Gisele, usando seus
conhecidos métodos da época em que valiam de alguma coisa, descobriu um grupo
de biólogos e cientistas NERDS, que por falta de serviço no ramo foram atuar
num seriado televisivo. Ela, Gisele, conseguiu o retorno deles aos
laboratórios, buscando a biografia do novo vírus, tipo: onde nasceu, por onde
passou, porque se hospedou com humanos. Descobriram tudo que era preciso, mas
no exato momento de testar antídoto para liberar produção em massa... o
material acabou.
Entra Zero Zero Sete. Foi atrás de
quem poderia auxiliar. Precisou do reforço de seus colegas de todo o mundo
redondo, achatado nos polos.
Precisava pagá-los pois sustentavam famílias.
Não achou o vil metal em lugar algum que estivesse ao alcance de suas poderosas
mãos. Ouviu dizer que estaria na bolsa. Que bolsa? Nunca chegou a saber nem de
que material era feita. Melhor dizendo, a coisa demorou tanto que o vírus foi
hibernar, a doença esteve sob controle, e ninguém se interessou em investir em
algo de lucro incerto, e demorado.
Daí a gente simples da aldeia Palco
Iluminado, o Bola vestido de dourado e mais o Bolinha, se juntaram. No Clube do
Bolinha meninas já eram aceitas. Uma delas, que comia melancia, ensinou a todos
a devorarem vegetais e não animais. A coisa começou a melhorar a partir de
então.
Foi a partir da mudança de hábitos,
inclusive o pior deles que era juntar dinheiro sendo que ninguém o come... que
nosso mundo voltou a florescer.
Escutei esse versinho, ou foi pura
impressão minha: “Mundo, mundo, velho mundo. Se eu me chamasse Raimundo, seria
uma rima... não uma solução”.
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