junho 28, 2019

O tempo

Por Elisabeth Santos


Recebi uma mensagem no “zap”.

A respeito de uma foto de familiares reunidos, minha amiga responde assim:_ Momentos como esse são necessários pela ligeireza em que o tempo passa e modifica tudo.

Concordei plenamente.

Seria cientificamente explicado se o planeta estivesse rodando mais rápido? Ou precisaríamos olharmo-nos ao espelho mais vezes para ver com os olhos nossas mudanças fisionômicas? Quem sabe haveria de ser só o problema das datas móveis significativas no calendário brasileiro? Para muitos o novo ano inicia pós Carnaval, e quando comemorado em março... dos doze meses do ano restam nove. Aí sim, as escolas funcionam, as contas são pagas, o carro é trocado, o ritmo de vida volta ao rotineiro.

Em se tratando do tempo marcado no relógio não vemos ponteiro ou numerais passando mais rápido. Sentimos sim que há mais coisas acontecendo no mundo. Ou seria simplesmente um excesso de informações recebidas a cada dia?

Juntemos então estes a outros fatores e tiremos nossas próprias conclusões.

Particularmente acho que eu tenho hoje mais chances, que o ontem vivido por mim. Chances de fazer mais coisas em menor tempo, e com tantas facilidades, poder dedicar-me às letras e às artes, por exemplo. Neste exato momento, tenho a centrífuga secando minha roupa, a pressão amaciando meu alimento, um robô limpando o chão, o automático esguichando espantador de dengue, e num ambiente musicalizado, livre do calor excessivo... eu escrevo estas mal traçadas linhas! Assunto tenho de sobra por estar observando o mundo ao meu redor. Datilografia não cheguei a aprender, mas escrevo ao teclado do computador buscando letras com a ponta do dedo indicador. Sinto-me dona do meu tempo!

Divido-o como desejo, sendo que para as coisas que dou mais valor não preciso de excesso de tempo. Elas estão sim, mais ligadas à qualidade que à quantidade. Sinto ter todas as possibilidades que o mundo me oferece. Provavelmente não terei o tempo necessário para todas. Por isto mesmo fiz minhas escolhas. Para mim:

Estar com pessoas, é ouvi-las; cuidar é amar; ação se faz necessária à sobrevivência da matéria; preocupação não tem valor; meditar é elevar pensamentos; trabalhar é um esforço constante em prol de um resultado; felicidade vem de dentro para fora; tomar decisão acertada... Ah isto depende totalmente do foro íntimo! O resto da população mundial poderá achar que alguém escolheu errado seu próprio destino, mas nem o TEMPO irá dizer se sim ou se não.

Se sou eu a gastar meu tempo como escolhi, não será ele a sentenciar acerto e erro no meu poder decisório. Afinal... já dizia Blaise Pascal:

“O coração tem razões que a própria razão desconhece”.      



Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

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