junho 21, 2019

Só no Centro

Por Elisabeth Santos


Tem dia que me dá vontade de misturar-me à multidão no centro comercial de uma metrópole.

Um Shopping Center facilita, e muito, as compras. Além disto, oferece outros confortos: praça de alimentação, lazer, banheiro, mais segurança etc. e tal.

Aventurar-se no centro de uma capital, por exemplo, é desvendar o mundo da maioria de seus habitantes. É ver a vida por um prisma de cores, odores, sons, linguajar diversificado até não poder mais. É assemelhar-se a um detetive, seguindo por ruas cheias de veículos, calçadas largas que ficam estreitas com tanta gente, procurando o que está em véspera de extinção.

A desvendar mistérios nos meandros de prédios antigos, subindo e descendo por elevador ou escada, percorrendo galerias e corredores, descubro o escritório, o consultório odontológico, a oficina de ourives, e de consertos de tudo quanto há, e até do que não há mais. Viro Sherlockiana a xeretar e especular numa grande aventura de achar coisas, e descobrir meus gostos.

E descubro quem cola a pedrinha semipreciosa do meu brinco; forra meu sapato de festa com o mesmo tecido da roupa que usarei logo mais; corta a panela de pressão sem tampa; põe a despertar na hora certa o relógio que pertenceu à vovó; encaderna o livro mais precioso da família...

E deparo-me com uma porta de número 1102, da alfaiataria que fez ternos e coletes sob medida pro meu avô. Ao lado, a Tinturaria...

Só depois de comprar tela para retratar num quadro aquilo que vi, dou sinal com a mão livre de sacolas, pacotes e bolsa, e entro no ônibus que retorna ao meu bairro.

Cansada, feliz, cheia de ideias me ponho a escrever no computador de última geração, para um blog que me propôs este desafio.

O prêmio foi ganho por antecipação. 



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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

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