março 15, 2019

Pra onde o vento levar

Por Elisabeth Santos


Um convite para viajar sempre será benvindo pela turminha “pé na estrada”. Em qual direção, nem interessam muito em saber contanto que estejam juntos. Nem sempre irão todos no mesmo barco. A partir de três sairá a excursão pra onde o vento levar. É verdade que essa linguagem é codificada, mas todos, e suas famílias desvendarão os termos pelo uso habitual. Desde mil novecentos e bolinha, por não serem exatos.

A qual membro interessará conhecer todos os detalhes no surgimento de uma oportunidade de viajar? O negócio será sempre estar disponível, motivado, e bem disposto a enfrentar o que der e vier. O imprevisto estará à espreita.


Para a nascente do rio São Francisco, ou para a Foz do Iguaçu; em uma prainha do passado ou praia grande do Futuro; num local próprio para camping, ou impróprio para qualquer cabana de sapé... lá estarão os aventureiros.


Seguem em trilhas, a pé; de carona sacolejando nos trechos não pavimentados; de ônibus, caminhonete, qualquer trem.


Levam nas costas: a mochila, a barraca, o colchonete, com a tralha imprescindível. Nada de extras, que haverão de pesar, cansar, ou até mesmo atrapalhar. Seguem o “manual de escotismo” guardado na memória.


Ontem foram convidados por um amigo do amigo que descobriu um trecho encachoeirado do rio Conquista, que ia dar num poço onde se pulava pendurado num cipó. Divertimento ideal para o domingo, com direito a competição de mergulhos artísticos. Hoje uma ida à cidade vizinha na festa da padroeira, com festival de música, sem hora ou dia para acabar. Pouso garantido na varanda da casa de parente do amigo. Amanhã... uma variedade de condução à escolha; infinidade de programas; lugares distantes; diferentes ou totalmente desconhecidos. Tudo recheado de surpresas a serem exploradas e mapeadas, para um retorno qualquer dia em que o vento sopre a favor.


Passada a idade do gosto pela aventura, depois dos estudos, dos relacionamentos se efetivarem, com ou sem maturidade... as excursões diminuíram de número, aumentando em quilometragem, milhas ou nós. Planejadas em vídeo conferências, ou quaisquer tipos de comunicação através do que há de mais atual, atingindo distâncias incríveis, sem barreiras nem fronteiras...


O carro moradia com todo o instrumental de localização, conforto e segurança. O barco alugado para todos compartilharem. O avião com reserva para vinte e oito turistas.

A história recontada com enxertos de outras mil no decorrer dos anos de encontros e desencontros.

E ali estão alguns descendentes, trazendo na lembrança os ausentes; novos pares, ou olhares; outros caminhos ou jeitos de caminhar; todos unidos pela vontade de ir... pra onde o vento levar.       

 

Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

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