Católicos do Brasil tem como padroeira
Nossa Senhora Aparecida, e a devoção os leva a ir até o Santuário, em Aparecida
do Norte, pelo menos uma vez na vida.
Aqui do Sul de Minas, todo ano, saem
romarias a pé até aquela cidade, para agradecer bênçãos recebidas; pedir alguma
graça especial; e também pagar alguma promessa feita.
E lá vai a Romaria.
Quem foi uma vez acaba voltando noutras
oportunidades.
Depois de uma boa caminhada, a primeira
parada, saindo de Campanha, é em Olímpio Noronha. A cidade oferece aos romeiros
uma Creche onde possam jantar da marmita que trouxeram, e dormirem nos colchões
tirados do caminhão. Aliás, neste tem tudo que possam precisar: mantimentos;
pão; medicamentos; fogão; utensílios de cozinha; e a mala de cada um.
A bandeira com a imagem da Santa vai à
frente. Em seguida vão os grupos, sendo que a equipe do trabalho, embora com a
mesma devoção, segue pelo asfalto dentro do caminhão. Estes são os que se
deitam a descansar mais tarde que os outros, e às duas horas da manhã já estão
arrumando a primeira refeição do dia.
À medida que a turma acorda, se alimenta, e
tendo água encanada, ajuda a lavar as canecas.
O almoço geralmente é em outra parada, por
isso o caminhão ultrapassa os caminhantes, monta a cozinha, pega água na
nascente, e ao chegarem os caminhantes encontram tudo pronto. Comem com gosto,
daquela comida caprichada, feita com tanto carinho.
Estão no município de Maria da Fé, o clima
mais frio nas Minas Gerais. Chegando à cidade, os romeiros são recebidos no
Clube onde farão a refeição, e a pousada. Descarregam o caminhão novamente.
Voltam a carregá-lo antes do amanhecer. Ninguém reclama. É a penitência
escolhida por eles, prosseguem satisfeitos, e dispostos a subir a Serra da
Paciência, tão íngreme quanto tortuosa. A Bandeira, novamente à frente, lá no
alto aguardará a turma reunir-se, pois nesse trecho mencionado, cada qual vai ao
seu ritmo.
E a Romaria segue o roteiro, a mesma
rotina, levando um pouco mais de cansaço ou pés mais doloridos. O que têm sobrando
é força de vontade, fé e devoção à Padroeira.
Enfim a última parada, e o tão sonhado
momento de chegar ao Santuário!
Ajoelhados rezam juntos.
A despedida é no Terminal Rodoviário, após
pegarem cada qual sua bagagem no caminhão. Em poucas horas estarão em suas
casas, ao lado dos familiares, contando detalhes e causos curiosos da
Peregrinação.
Ninguém duvide que alguns estarão fazendo
planos para o próximo ano, juntamente com esses colegas de agora. É por isso
mesmo que há quem faça esse caminho até Aparecida anos seguidos: vinte, trinta
e cinco, e quase cinquenta!
Ninguém se arrepende do que escolhe definitivamente,
de corpo e alma. Tudo em louvor à Senhora Aparecida, padroeira do Brasil!
--
Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Leave your comments here.