Os casarões e o estilo barroco de arquitetura do Sul de Minas Gerais. |
Todo mundo deve ter tido um dia de atender um turista
em sua cidade, ou em qualquer outro lugar. Turistas aparecem do nada, e quase
sempre precisam de uma informação a mais do que as que já têm no celular ou
GPS.
Eis que estou saindo da Academia e me deparo com um
casal de jovens turistas. Vendo o casario colonial da cidade, manifestaram o
desejo de visitar um deles, para conhecer mais um pouco de como viviam as
famílias do século passado. Tinham uma curiosidade sadia, e resquícios de lembranças
da casa de algum antepassado. Dentro daquelas casas de portas e janelas bem
maiores que as de hoje; com altura (ou pé direito) avantajada, qual seria o estilo
de móveis, fogão, utensílios, enxoval, enfim?
Entabulamos conversa e ofereci-me a guia-los dentro do
casarão colonial, herança da família.
Sala de visitas impecável; sala de jantar com mesa
para doze ou mais talheres, e cristaleira combinando; copa ainda com a mesa
marchetada e desdobrável; quartos de poucas camas e muitos colchões empilhados;
banheiros e cozinha reformados, pois seria impossível voltar-se ao tempo de
banhos de banheira; de fogão a lenha no espaço doméstico, para mais de vinte
familiares em férias por ali.
A decoração de fotos emolduradas das seis últimas
gerações; arranjos florais, e muitas lembranças.
No espaço externo, os turistas admiraram-se com a
quantidade de pessoas calculada para os períodos de férias: rancho de pingue
pongue, e pebolim; quadra de vôlei; campinho gramado para chutar bola; mesa de
jogos inclusive baralho.
Surpreenderam-se com a mangueira de folhas novas e
verdinhas mesmo depois de podada até o toco!
E os turistas deixaram uma ideia a ser aproveitada
fora do período de férias, quando todos os espaços ficam cheios de gente
(verdadeira enchente): colocar o casarão à visitação cobrando-se um ingresso
módico, deixar uma mesa posta com café e quitandas para quem quiser pagar o
preço provando daquelas inigualáveis delícias, difíceis de encontrar nas
padarias.
Pau a pique: broa de fubá assada na folha de bananeira.
Pamonha: iguaria de milho verde ralado, cozida na
própria palha.
Geleia de jabuticaba.
Queijo fresco.
Bolo de vários tipos.
Pão de queijo.
Tudo acompanhado de refresco de uvaia geladinho, ou
café coado na hora, com os melhores grãos do Sul de Minas.
_ Até fiquei com água na boca, uai.
_ Bateu saudade, viu?
_ Vontade de tomar conta do negócio?
_ Nenhuma. Queria sim, estar desfrutando dessas
maravilhas!
Isabela e Edison turistando em Beagá |
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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
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