junho 24, 2016

Jardim de lembranças

Por Elisabeth Santos



Todo dia que estou a cuidar das plantas do meu jardim veem-me as lembranças...

Ao mudar-me para uma casa com espaço suficiente para um canteiro de flores desejando boas vindas a quem chega, recebi alguns presentes inesquecíveis: Da M. Tereza, uma muda de perfumado jasmim branco; da Cida, jasmim amarelo parecendo de ouro puro; da casa da Zina vieram os buquês de hortênsias, antúrios vermelhos e folhagens, que mesmo sem florir enfeitam; De umas férias no litoral, eu mesma trouxe a resistente exora alaranjada pela qual me encantei; Lourdinha “devolveu-me” um enorme vaso de flor que esteve em seu quintal por vinte e cinco anos, tempo em que morei em apartamento; as roseiras são tantas e tão variadas que nem sei dizer ao certo “quem trouxe qual”.

Tenho, desde miniaturas de rosas, até a rosa Grande Festa passando pela amarela sem espinhos, e a perfumadíssima e aveludada “Príncipe Negro”. Foram muitas Marias a me trazer as mudas! Todas amigas inesquecíveis!

Este jardim não sendo Secreto, guarda em cada textura, cor, perfume a lembrança de uma amizade sincera.

E a cada data em que recebo flores, cuidadosamente coloco-as junto às outras. 

Umas criam raízes, e outras não; há as que são destruídas por pragas, ou pelas formigas, mas em minha lembrança permanecem vivas.

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Se ... “Até nas flores se encontra a diferença da sorte: umas enfeitam a vida, outras enfeitam a morte”, no jardim de minhas lembranças, cada plantinha cumpre seu papel.



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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".  

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