janeiro 19, 2018

Pecado Capital

Por Elisabeth Santos

Hieronymus Bosch,
Os sete pecados capitais e as quatro últimas coisas. 1500

O pior pecado capital deve ser aquele com o qual convivemos, ou o que está mais próximo de nós. Analisemos um a um dos sete:

- A Gula é o desejo insaciável por comida e bebida. Depois da Psicologia a Gula ganhou outros nomes então nós achamos que sendo Compulsão, é problema de saúde.

- A Avareza explica-se pelo apego excessivo por bens materiais. Para os pobrezinhos que vivam próximo dos ricos avarentos é o mais feio pecado da lista dos Capitais.

- A Luxúria de quem se deixa dominar pelas paixões só incomoda quem a tem.

- A Ira, no século XXI, transformou-se em “irado” palavra inofensiva do vocabulário adolescente. Raiva, ódio ou rancor, sinônimos daquele antigo Pecado Capital denominado Ira, nem sabemos mais o que é. Podemos odiar as políticas de descaso com o meio ambiente, por exemplo, sem cometermos o tal pecado.

- A Inveja, quinto da lista dos pecados capitais, que é o desejo exagerado por posses, será o Pecado Capital que nos levará aos quintos. Vivemos o capitalismo que estimula o consumismo. Invejamos o carro da vitrine que os que têm mais dinheiro compram. É uma “inveja branca”, pois nem passou por nossa ideia roubá-lo, mas o desejamos com todas nossas forças musculares no trabalho honesto para adquiri-lo!

- A Preguiça é um problema sério a atacar até mesmo o trabalhador em segundas-feiras desavisadas. Difícil conhecer quem não sentiu preguiça nem uma vezinha. Já existe o ócio criativo, sua versão muito bem aceita principalmente por quem precisa de arte para sobreviver. As novas ideias brotam em suas mentes principalmente quando estão à toa. Daí, trabalhamos até realizar a obra.

- O Orgulho, ou vaidade, anteriormente conhecida pela palavra soberba, finaliza a lista.

O orgulho que nos faz andar de nariz empinado, sem enxergar nossos semelhantes, pode nos levar a pisar num cocô de cachorro e cairmos sentados na rua, aceitando de ajuda a mão de qualquer um.

O orgulho de sermos íntegros, engajados no bom combate, de assumirmos nossas qualidades e aceitarmos nossas limitações sem querer camufla-las o tempo todo como se fossemos pessoas perfeitas, este sim deveria ser reclassificado. De sétimo pecado da lista da lista dos Pecados Capitais, despencaria para “Oitava Maravilha da Capitania dos Povos”!




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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".    

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