julho 07, 2017

Esperto

Por Elisabeth Santos

O menino ajudava a tia quanto às dúvidas sobre uso do computador.

A cada indagação dela, respondia prontamente com seus dedos ágeis no teclado.

Tia Benedita continuava sem entender o caminho das teclas, tamanha era a ligeireza do Estevão. Bem que ela tentava repetir sua façanha. Tentava, treinava, mas só conseguia dominar as manobras simples. Se aparecesse intercorrências, lá ia ela buscar ajuda. 

Estevão sentia-se um sábio em sua esperteza ligeira, ao mesmo tempo em que a tia sentia-se exatamente o inverso.

Numa quente tarde de primavera parecendo verão, o espertinho correu a mostrar à tia uma sacolinha, repleta de cigarras, resultado de sua “caçada”. Tia Benedita, pacata e cautelosa contou-lhe que um rapaz, apanhador de grãos de café, levou um jato líquido de cigarra no olho direito, e...

Titia não conseguiu completar seu relato. O “Esperto Estevão Ligeirinho” concluiu o raciocínio dela vaticinando:

_ Já sei! O apanhador de café ficou cego!

E a Benedita: _ Nada disso, menino.

E completando sua sabedoria “internáutica”:

_ Vicentino tirava tarefa nos cafezais todo ano, e já estava acostumado com cigarra que se alimentando de seiva, põe fora o que não é aproveitado pelo seu organismo. 

O líquido não sendo tóxico, assim mesmo poderá irritar a pele de quem tenha alergia. Ainda bem que este não era o seu caso. Então lavou bem os olhos nas águas límpidas da mina mais próxima e...

De novo o menino, impaciente, quis completar a narrativa da tia:

_ E ficou tudo bem, pois esses bichos não tem veneno!

_ A cigarra não tem veneno, mas o marido dela sim!

_ Quem? _ perguntou o sabe tudo.

E a tia bem séria, muito calmamente falou:

_ O cigarro, ué!




--

Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Leave your comments here.