outubro 04, 2019

Liberdade


Por Elisabeth Santos

Paisagem mineira.
Libertas quae sera tamen.

Nascemos livres e amamos nossa liberdade. A escravidão nos espia o tempo todo e a gente tenta resistir. Hoje somos escravos do consumismo que nos consome. Ontem, submetidos à luta pela sobrevivência num mundo hostil. Amanhã... nenhum de nós poderá afirmar ao certo.

Muitas conjeturas, hipóteses, estatísticas, suposições enfim. De repente a surpresa de algo a atravessar a História, muito além da imaginação de cada um, e de todos os povos. Tínhamos que evoluir, mas estamos tendo oportunidade de ver o contrário acontecendo.

Nosso planeta oferecia espaço para todos terem como viver sem disputar riquezas de outros. Agora os povos saem de suas terras, invadidas e exploradas, para a incerteza total. Arriscam-se para terem uma vida supostamente melhor, fugirem da escravidão, livrarem-se da miséria imposta por governantes sem consciência. Muitas vezes caem em outros tipos da mesmice. Como são flexíveis, maleáveis, em seus desejos, ganham em algum detalhe próprio da sua personalidade, sempre única em cada ser humano.

***

É tanta coisa absurda acontecendo, que eu, tentando escrever o tema surgido em minha mente sobre “Liberdade” estou prestes a desanimar e desistir por aqui, quinto parágrafo.

Não tenho vontade de desesperançar quem quer que seja. O tema é rico e posso escolher apenas um lado. Mas, uma dificuldade já encontrei:

_ Reconhecer-me “enxergadora” de múltiplos pontos de vista que ficam a cutucar-me sem trégua para um debate comigo mesma, com bem possíveis e prováveis contradições! Sigo em frente, sem adiamentos portanto, e seja o que Deus quiser.

***

Quando tentamos concluir que cada povo deveria ter liberdade em viver sem interferência de outras culturas para ser mais livre, estaríamos sugerindo um isolamento forçado.

Quando satisfizemos o desejo de sair a matar nossa curiosidade natural de conhecer outras civilizações deveríamos ter ido só com este intuito.

Sem essa de mostrarmo-nos superiores a subjugar seres semelhantes! Aí detectamos a primeira falha humana. Sempre existiu a ambição de uns mostrarem-se donos de outros. A História é quem afirma!

Aliás, aqui aparece a seguinte reflexão:

    _ Se o querer dominar o outro faz parte da natureza humana isto seria uma escravidão de nascença? O que, ou quem poderia modificar a tal natureza a ponto de fazê-la enxergar o semelhante como digno da liberdade que supõe ter?

Um emaranhado de outras respostas surge: uns dizem que o lado espiritual intrínseco ao humano vai solucionar a questão; outros afirmam que será a busca pela Sabedoria; há quem creia “Só o amor liberta!”, e também quem jure “Liberdade total não existe!”...

Somos livres para pensarmos o que quisermos, nem todos para manifestarem seu ideal, contudo, no mundo em que estamos há espaço para o debate sobre o assunto, solucionável pela vontade unida de quem quiser e puder.




Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".   

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