Para mim são considerados filmes bons: os bem feitos,
que prendem minha atenção do começo ao fim, e se possível, que me acrescentem
algo, podendo ser no campo do conhecimento, do sentir ou de despertar
curiosidade.
Então estava eu zapeando na TV e encontrei um filme já
iniciado, e era “Diamante de Sangue”. Fixei naquele canal, pois ali estavam as
perguntas e respostas para uma questão discutida no dia anterior com amigos
sobre a situação do imenso número de refugiados saindo de seus lares.
Ouvir sobre o assunto é uma coisa, saber das
motivações é outra, enxergar, mesmo que num filme, os lances de um conflito
contados através de histórias de seres humanos que viram suas vidas
transformadas em tristeza sem fim... É chocante!
No continente africano um homem comum pode estar
perplexo diante da seguinte pergunta:
_ Como pode acontecer de algumas tribos estarem
perseguindo com todo tipo de crueldade seus semelhantes, amigos, vizinhos,
irmãos? Toda gente criada unida a enfrentar dificuldades comuns estarem no
presente se digladiando em troca de supostas riquezas, que até então pouco
significaram para elas? Estariam atrás de promessas de uma vida melhor? Como
esquecer, da noite para o dia, tudo que foram e representaram na comunidade
onde estão acostumados? E sem saber se será mais fácil, ou difícil de tudo que
adquiriram através de seus costumes e tradições, lançarem-se à sorte pelas
palavras e valores culturais nunca dantes conhecidos?
Cobriu-se de conflito mais um continente!
Alguém conjeturando que melhor uma luta por diamantes
do que uma guerra por petróleo, ora veja! Mas quem está hoje na conquista pelo
petróleo no subsolo alheio, poderá mais adiante interessar-se por florestas,
mananciais de água, espécies de insetos que se transformarão em alimentos
necessários à sobrevivência da raça humana, e infindáveis outras novas descobertas
para a continuidade.
Continuidade do que mesmo?
Se fosse da vida pela vida em si... Tudo bem!
Como se trata da ambição sem fim... Tudo mal!
Volto ao filme “Diamante de Sangue” e minhas
conclusões: num movimento circular corre o interessado em ficar poderoso, ao
encalço de quem é o novo rico, que persegue aquele que tem a preciosa pedra,
que vê nela sua própria sobrevivência e a de toda sua família.
Uns querendo dominar os outros, se esquecem de seus
valores, dignidade, essência divina e causam conflitos inúteis. Dominados
revoltando-se tentam se organizarem formando a resistência tão cruel quanto. O
resto do mundo assistindo impotente, pois as ajudas às causas humanitárias são
desviadas ou destruídas no trajeto; são vendidas, trocadas por armas, quando
chegam ao destino. Além disso, num território onde prevalece a lei do mais
forte, ninguém tem certeza de que lado o tido como companheiro, neste exato momento,
estará no minuto seguinte. Ele vai ao encontro de uma pedra preciosa porque é
rara. Se estourarem o cofre forte onde esconderam milhões delas, e as colocarem
circulando no mercado das preciosas... Certamente que não valerão mais o
estimado no momento. Assim sendo a chance de alguém ganhar muito acaba. Quando
olhar em volta, observar a destruição, verá que ninguém ali ganhou. São todos
perdedores.
Então numa viagem de volta, tendo bem protegido no
fundo da bolsa o diamante sanguíneo do tamanho de um ovo de pássaro, ouvindo a
recusa do provável negociante a compra-lo... Tenta o suicídio. Não consegue
tirar sua vida, pois há muito já não a tem.
--
Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
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