outubro 11, 2019

Bons filmes

Por Elisabeth Santos

 

Para mim são considerados filmes bons: os bem feitos, que prendem minha atenção do começo ao fim, e se possível, que me acrescentem algo, podendo ser no campo do conhecimento, do sentir ou de despertar curiosidade.

Então estava eu zapeando na TV e encontrei um filme já iniciado, e era “Diamante de Sangue”. Fixei naquele canal, pois ali estavam as perguntas e respostas para uma questão discutida no dia anterior com amigos sobre a situação do imenso número de refugiados saindo de seus lares.

Ouvir sobre o assunto é uma coisa, saber das motivações é outra, enxergar, mesmo que num filme, os lances de um conflito contados através de histórias de seres humanos que viram suas vidas transformadas em tristeza sem fim... É chocante!

No continente africano um homem comum pode estar perplexo diante da seguinte pergunta:

_ Como pode acontecer de algumas tribos estarem perseguindo com todo tipo de crueldade seus semelhantes, amigos, vizinhos, irmãos? Toda gente criada unida a enfrentar dificuldades comuns estarem no presente se digladiando em troca de supostas riquezas, que até então pouco significaram para elas? Estariam atrás de promessas de uma vida melhor? Como esquecer, da noite para o dia, tudo que foram e representaram na comunidade onde estão acostumados? E sem saber se será mais fácil, ou difícil de tudo que adquiriram através de seus costumes e tradições, lançarem-se à sorte pelas palavras e valores culturais nunca dantes conhecidos?

Cobriu-se de conflito mais um continente!

Alguém conjeturando que melhor uma luta por diamantes do que uma guerra por petróleo, ora veja! Mas quem está hoje na conquista pelo petróleo no subsolo alheio, poderá mais adiante interessar-se por florestas, mananciais de água, espécies de insetos que se transformarão em alimentos necessários à sobrevivência da raça humana, e infindáveis outras novas descobertas para a continuidade.

Continuidade do que mesmo?

Se fosse da vida pela vida em si... Tudo bem!

Como se trata da ambição sem fim... Tudo mal!

Volto ao filme “Diamante de Sangue” e minhas conclusões: num movimento circular corre o interessado em ficar poderoso, ao encalço de quem é o novo rico, que persegue aquele que tem a preciosa pedra, que vê nela sua própria sobrevivência e a de toda sua família.

Uns querendo dominar os outros, se esquecem de seus valores, dignidade, essência divina e causam conflitos inúteis. Dominados revoltando-se tentam se organizarem formando a resistência tão cruel quanto. O resto do mundo assistindo impotente, pois as ajudas às causas humanitárias são desviadas ou destruídas no trajeto; são vendidas, trocadas por armas, quando chegam ao destino. Além disso, num território onde prevalece a lei do mais forte, ninguém tem certeza de que lado o tido como companheiro, neste exato momento, estará no minuto seguinte. Ele vai ao encontro de uma pedra preciosa porque é rara. Se estourarem o cofre forte onde esconderam milhões delas, e as colocarem circulando no mercado das preciosas... Certamente que não valerão mais o estimado no momento. Assim sendo a chance de alguém ganhar muito acaba. Quando olhar em volta, observar a destruição, verá que ninguém ali ganhou. São todos perdedores.

Então numa viagem de volta, tendo bem protegido no fundo da bolsa o diamante sanguíneo do tamanho de um ovo de pássaro, ouvindo a recusa do provável negociante a compra-lo... Tenta o suicídio. Não consegue tirar sua vida, pois há muito já não a tem.




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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

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