Por Elisabeth Santos
Poderíamos estar
falando de uma árvore que dá uma fruta deliciosa e de aroma intenso.
Infelizmente a
mexeriqueira virou o pejorativo para denominar a pessoa, que faz mexerico. Esta
é a intrometida em assuntos que não lhe dizem respeito. Por que a mexerica,
pobrezinha, levou a culpa não sabemos ao certo. Pode ser entendido pelo aroma
que espalha no ar denunciando quem está a descascá-la, ou provando-a.
E quem é
mexeriqueiro, se metendo onde não é chamado, espalhando por gosto as notícias
verdadeiras ou falsas, mas que não são da sua conta, em algumas localidades é chamado
abelhudo.
E a coitada da
abelha, tão laboriosa por que teve seu nome comparado a coisa tão feia? Deve
ter sido por ser xereta (aproximando-se sem convite), entrona (no miolo das
flores), e chaleira (bajuladora de muitas plantas).
Chaleira é aquela
simples vasilha de cozinha que serve para esquentar água. Água para o chá,
café, chimarrão... todos tão corriqueiros e inocentes. Só o feitio de tal
utensílio culinário poderia ser inspirador da maledicente comparação, e gerado
o verbo chaleirar, que significa bajular. Afinal o bico da chaleira fica a
jogar vapor pro alto. É risível por não ser esta sua maior utilidade. Parece
estar incensando, há, há...
Chaleira não é
enxerida, porque não se mete a modificar ou consertar assuntos de terceiros,
sobre os quais desconhece o verdadeiro motivo, nem competência.
Havendo segunda
intenção na atitude da pessoa “chaleira”, o que é muito difícil não haver... Aí
sim! Pessoas ficam chaleirando para fingir amizade. Isto é muito feio! E o que
ganham afinal?
Não precisamos
entrevistar ninguém. Apenas fomos ligando informações:
_Ganham passando para
frente meias notícias, recebendo em troca outras novidades. Recebem o título de
fofoqueiras, por terem bisbilhotado fatos que nem lhes interessavam
diretamente, e ainda aumentado com uma suposição criada no “leva e traz”.
A maioria das
pessoas a cultivar mexerico o faz por pura vaidade. Devem estar na disputa de
Egos, querendo decidir destinos. Não estão nem um pouco interessadas em serem
felizes ou fazerem a felicidade de seus semelhantes. Querem ter razão sempre,
nem que seja acreditando no final infeliz que criaram.
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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".