Por Elisabeth Santos
Postei uma foto na rede social da Internet. Eu
sorrindo feliz numa paisagem branca de neve!
Recebi muitas curtidas e li outros tantos comentários,
selecionando este: _ “Nunca comento postagem no Facebook, por ser preguiçosa
para essas coisas tão passageiras... Mas hoje abro exceção para sua foto. Você,
a maior friorenta que conheço, feliz da vida em uma de suas andanças pelo
Canadá em pleno inverno! Acredito que agora sim, você esteja “vacinada” para aproveitar
toda e qualquer estação do ano, em qualquer parte do nosso planeta!”
Passei então à resposta por escrito, cujo rascunho
delineei na volta ao meu Brasil Tropical:
“Querida amiga,
Realmente, nem eu poderia imaginar que haveria de ver
a neve caindo em Otawa. Antes de viajar acompanhei por uns quinze dias, as
temperaturas de lá e achei razoáveis: de zero a nove graus positivos ou
negativos. Tinha certeza que iria dar conta. Ambientes e conduções aquecidos,
roupas e calçados adequados, um xale envolvendo pescoço e puxado ao nariz para
respirar um ar morninho que não o entupisse, e lá estava eu, preparada para o
que desse e viesse.
Disseram-me que eu trouxera temperaturas mais baixas, porém esta hipótese não tinha fundamento. Era uma brincadeira a que eu já
estava acostumada. Era chegar a qualquer lugar que fosse, para a temperatura
local baixar. Não tenho pé frio. Sou friorenta mesmo.
Certa vez fui visitar alguém em Ribeirão Preto, e
tivemos uma semana de chuva fina e um friozinho gostoso. Haviam me alertado
sobre o calor, e levei a mochila lotada de roupas leves e até para nadar! Tive
de comprar um agasalho para vestir toda vez que saia a conhecer os pontos
turísticos da cidade.
O bom é que sabendo disso, agora ando prevenida, pois
neve é coisa linda de se ver, não de sentir na pele. Fiz em três etapas meu
urso branco de neve, para vê-lo ir virando gelo e sumindo, sumindo... à proximidade
da primavera. A experimentação valeu!
Quebec deixou em mim sensações marcantes: a visão de
um lago que se transforma em pista de patinação, sendo que no verão teve praia,
e banhistas de todas as idades; um rio navegável, que foi se congelando em
ilhas até juntá-las num continente imaginário; a cascata que interrompeu a
queda surpreendendo turistas; as pedras ao seu redor seminuas ou totalmente
vestidas de amplo rendado branco...
O floco levíssimo em queda livre, ao encontrar pouso, deixou
visível a estrela sempre diferente de todas as outras.
É muita lembrança boa chamando-me a novas visitas de
inverno, primavera, verão ou outono... desde que acompanhada de amizades que
sempre vão juntas também nas estações da vida.
Até mais ver!”
--
Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
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