novembro 03, 2017

Recebendo visita

Por Elisabeth Santos


São Cosme e São Damião, quadro naif da Beth

Chegou e já foi dando bom dia, apertando a mão, perguntando como estava: se havia dormido bem à noite, alimentado direitinho e tomado o remédio na hora certa.

O amigo vai respondendo cada uma das indagações e ainda conta como a vida hoje está diferente, e para melhor. Quantas coisas ele próprio tem ao seu dispor que trazem mais qualidade ao seu dia a dia. Quanta novidade surgiu desde os tempos em que residia e trabalhava na roça.

Sim, a natureza é, e sempre foi grandiosa, principalmente para quem depende da chuva, do sol, das quatro estações do ano para plantar e colher. Às dificuldades que surgiam, esforço e dedicação de sobra.

Resignação se fosse o caso, pois contra as forças da natureza não tinha como lutar.

Se lhe era designada uma tarefa em sua comunidade rural, fosse festa ou trabalho duro de mutirão; se chamassem ao trabalho de conferência na Cooperativa, ou outra atividade conjunta, lá estaria para somar!

Onde aprendeu? Foi vivendo, e vendo, seus pais, seus avós, toda a gente dali.

Os filhos seguiram a mesma trilha. Era natural, e visto com naturalidade: o respeito pela propriedade do outro, honrar a palavra dada, dizer a verdade, estudar, trabalhar, e trabalhar pela família!

Quase uma troca honesta, com o que a vida lhe oferecia generosamente: saúde, solo, sol, água etc.

Uma pausa para o remédio... e a finalização do assunto:

_ O mundo continua bom, o que está acontecendo com as pessoas é o que não dá para a gente entender.

Já na despedida dizia o visitante de sua alegria em ver o amigo tão bem. E que voltaria na próxima semana para saber de sua saúde.

_ Venha sim, estarei aguardando. Aliás, sua longa tarefa está sendo desempenhada com sucesso.

_ Ah é? E qual seria essa “longa tarefa”?

_ Vir vigiar de perto, se sigo as prescrições médicas direitinho.

O aperto de mão da despedida veio acompanhado de sonora risada.



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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

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