Lago nos arredores do museu Biltmore House na Carolina do Norte. |
Se há no mundo um lugar em que somos sempre benvindos é numa paisagem natural. É só prestar atenção: os pássaros chilreiam, o lagarto sai da toca, a ramagem balança, as folhas secas estalam ao serem pisadas, o córrego jorra notas musicais, os raios de sol ultrapassam as copas das árvores deixando um rastro de luz mostrando vida em movimento.
Aos menos corajosos, em enfrentar o show que é tudo isto, e o inesperado, recomenda-se uma visita a algum sítio, ou chácara de amigos. Duas vezes bem vindo sentir-se- á a pessoa mais privilegiada do planeta Terra!
À tarde, na hora do café com bolo e biscoitão, os anfitriões contam que o pet, xodó da casa fugiu em busca do pecado.
Enquanto era criança, Xodó brincava com seus brinquedos, donos, visitantes, e nem tinha ideia do mundão lá fora. Sob a ação hormonal da idade, precisou de um confortável canil, já que manifestou desejo de passadas largas pelo cafezal atrás do irresistível apelo natural.
Em sequencia, do sítio vizinho, alguém telefonou avisando que o cãozinho, numa visita rápida, saiu de lá bem acompanhado. E puseram-se a procura-los.
Passaram-se dois dias de muitas informações desencontradas... e nada de Xodó & cia.
Então, no quarto dia, tanque do carro quase vazio, mas coração ainda cheio de esperança, ela “a mãezona”, o vê, vindo em matilha. Eram uns doze contando a fêmea no cio, próximos da perigosa estrada, talvez a caminho do lixão. A dona estaciona o carro, balança em sua mão direita a guia da coleira, e na esquerda a chave do veículo tão conhecido do seu xodó...
Pela porta do carro aberta, entra apressado alguém de olheiras, orelhas e rabinho abaixados, costelas insinuadas na pelagem suja, e que não levou a bronca merecida da pessoa ao volante.
Em casa de sítio sempre haverá histórias, para alguém de coração sensível, e ouvido atento.
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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".