junho 09, 2017

Betinho

Por Elisabeth Santos

©  | Dreamstime Stock Photos

“Baby-sitter faltou? Não te apavora. Chama a Dona Aurora!”

Assim foi o Betinho passar umas horas na casa da vizinha para sua mamãe ir ao dentista. O combinado nunca é caro, então... tudo bem combinado, pacotinho pronto, no horário tratado a campainha de entrada soa dim- dom...

Betinho estranhou a casa, estranhou os demais moradores, e não parava de chorar. Dona Aurora se desdobrou que nem aurora matutina, espalhando aconchego, luz e calor humano. Isso consumiu a primeira hora de estada do Betinho em novo ambiente. A segunda hora foi usada pelo baby a explorar todo o território, incluindo seus habitantes. Passou de colo em colo puxando o brinco, o cabelo, ou a barba de quem tinha.

Dos brinquedos ali existentes, nenhum o entreteu. Só apreciou os tais controles remotos existentes na mesinha perto do sofá. Até esqueceu-se de chorar, para chorar de rir acompanhando as brincadeiras dos palhaços Patati Patatá.

Na terceira hora, todos cansados (menos Betinho) era chegado o momento da mamadeira, que veio pronta, e da troca da fralda descartável. Nesse ponto Dona Aurora, sentiu-se a mamãe de dez anos atrás, riu, conversou na linguagem dos nenéns, beijou os pezinhos da criança e... Viu surgir seu filho que estudava no cômodo ao lado reivindicando:

_ Não acredito que você está beijando o pezinho dele como beijava o meu quando eu era seu bebê. Pode parar. Eu que sou seu filho né?

E o Betinho, talvez assustado com a aparição repentina do Rei Sol... retomou o chororô de horas antes.

_ Ai que ciumeira mais fora de hora filhão! ‘Cê sabe o tanto que te amo.

FIM.




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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".  

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