agosto 25, 2017

Viagem

Beth no Top of the Rock, coração de Nova Iorque.
Por Elisabeth Santos

Navegar é preciso, mas há quem prefira voar num avião. Aviões de grande porte partem de aeroportos igualmente grandes. Cidade pequena geralmente não tem deste tipo. Se tiver, não é para servir exclusivamente à população local. O local pode ter sido escolhido por uma questão de espaço: espaço para estacionar aeronaves enormes; espaço para a pista de decolagem e aterrissagem; espaço para abrigar guichês e corredores onde transitam passageiros com suas bagagens.

Praça de alimentação é essencial no quesito conforto, assim como lojas de conveniência, etc.

Sua viagem começa de casa para o aeroporto torcendo para não pegar engarrafamento. Chegando lá, com duas ou mais horas de antecedência, garante-se o despacho da mala ficando-se livre para o aguardo da chamada do voo. A entrada no avião traz certo alívio: guardar a bagagem de mão no devido compartimento, ajeitar a poltrona, colocar o cinto de segurança, tudo isto indica o início do voo.

Olha a Beth em Nova Iorque!

chegada sem contratempo é motivo de satisfação!

A retirada das malas da esteira rolante, os trâmites legais se necessários, a saída para entrar no táxi...

A alegria do abraço!



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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

agosto 18, 2017

Senhorina e Dona Márxia

Por Elisabeth Santos
Catedral de São João, o Divino, em Nova Iorque.

Senhorina acomodou-se na cadeira ao lado de Dona Márxia dando início à narração do seu dia. Do alto da sua terceira, ou quarta idade, aguardar atendimento pelo funcionário do banco, no exato dia do pagamento dos aposentados, não era uma questão de espera tediosa. Há muito tempo deixara de ser. Escolhia um lugar para sentar-se preferencialmente entre duas pessoas com que pudesse conversar ou, no mínimo ser ouvida, ali se instalava e começava a falar, falar, e falar...

Desta vez a sorte estava ao seu favor. Não é que, à sua direita, reconheceu a moça que foi professora de seu filho? Estava claro! Com aquele penteado, óculos de grau, e vestindo jeans combinando com a bolsa, só poderia ser ela: a Dona Márxia!

Senhorina foi falando de seu menino, agora com vinte e oito anos, que ela se esforçara a pôr para estudar, em busca de um futuro melhor. Desde que se separou do marido alcóolatra, e depois ficara viúva, a situação financeira dos dois tinha piorado bem. A casa caiu, e aceitou uma moradia emprestada, que com o passar dos anos estava prestes a cair também. Os caibros apodreceram, as telhas foram se quebrando, a chuva entrando em casa, as paredes mostrando trincas aqui e ali. O pouco dinheiro recebido mensalmente, era a conta do essencial para a sobrevivência, mas agora nem isto, obrigando-a a segurar a escada para o filho ajeitar o telhado, a ir pegar galhos secos caídos no pasto para acender o fogão, a aceitar a cesta básica doada na igreja que frequentava, pois os remédios do filho eram muitos, e caros. Sim, ela poderia casar-se de novo, e tinha um pretendente.

Ele a ajudaria no serviço mais pesado. Seria uma companhia também. Só que casar-se na igreja ele não aceitava, sendo que ela jamais viveria com um homem sem a benção de Jesus. A respeito dela, que sempre fora muito trabalhadeira, outrora dando conta de tirar tarefa de doze horas na enxada, ou na colheita... o advogado já havia avisado que não voltasse a trabalhar para não perder o dinheirinho mensal. O jeito era ir como ia, pelejando com as dificuldades. E ela não entendia como sua vizinha feiticeira conseguira oito mil reais para construir um ranchinho, sendo que ela não conseguia nem oitocentos para a compra das telhas e madeira de engradamento do telhado. A casa não sendo de sua propriedade, quem teria de consertá-la era o dono, e este já havia negado. Ela podendo consertaria sim. Afinal estava morando ali, desviando-se das goteiras, vento, frio e poeira, sem nomear os bichos. Até agora não sabia como. Se a vizinha feiticeira e maledicente conseguira um protetor, por que não conseguiria ela também? Nesse ponto da conversa, onde pouco se ouvia a voz da Dona Márxia, Senhorina muda o tom da conversa. Revela ter escutado alguém dizer que a vizinha foi ajudada por ela: Dona Márxia em carne, osso e jeans! E pergunta se foi mesmo ela, o anjo surgido na salvação da casa de sua vizinha.

_ Olha aqui Senhorina, eu quero saber se fui eu a ajudar sua vizinha ou foi a Márxia?

Porque eu não sou a Márxia!

_ Hã?

_ Pois é...

Senhorina, sem acreditar no que ouvia, olhou para o outro lado e surpreendeu-se com o meio sorriso do colega de fila de banco. E ele:

_ Posso ajuda-la?

_ É que estou confusa...

_ Ouvi com interesse seu relato. Estou reformando minha casa, e posso levar ao seu endereço as sobras de madeira, telhas, cimento e tinta da obra. Talvez, o pedreiro que trabalha para mim possa ajudar a ajeitar seu teto, num fim de semana combinado com antecedência. O que acha?

_ Deus seja louvado! Encontrei um anjo para sair dessa triste situação!

_ Calma Dona Senhorina. Não sou o anjo. Sou só o pastor da igreja da sua vizinha. E afinal, ela também não é nenhuma feiticeira. É apenas uma Irmã de Fé, que trabalha conosco.



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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

agosto 11, 2017

A galinha dos ovos

Por Elisabeth Santos


Ovos de galinha são comuns em nossa alimentação diária. Seja no café da manhã, almoço, lanche ou jantar eles são servidos cozidos ou em receitas diversas.

Ovos de ouro? Certamente são caros, e não servem de alimento.

A galinha dos ovos de ouro é personagem de um conto infantil, mas tem variações. Posso dizer, por exemplo, que os ovos de ouro são aqueles produzidos por galináceas caras, tratadas com ração igualmente cara e com aparato de criação de luxo.

Na fábula de Esopo, quem encontrou uma galinha a botar um ovo dourado diariamente teve a infeliz ideia de abrir sua barriga com uma faca, retirar uma quantidade boa de ovos para ficar rico de repente. Morta Dona Galinha, nem um ovo pronto lá dentro, morreu também o sonho da riqueza repentina.

Todo dia tomo conhecimento de um caso semelhante, onde determinado personagem, na pressa de enriquecer acaba por ficar sem nada.

Aqui no Brasil a Petrobras simbolizaria “nossa” galinha dos ovos de ouro. Gerava bons produtos,  empregos, lucros vultuosos, progresso em pesquisas, tudo de bom.

Nem preciso contar o fim.

Qualquer pessoa que acompanhe noticiários sabe bem em que foi transformado um dos orgulhos nacionais.

Há poucos anos, toda fala pública de governantes citava o pré-sal como o dinheiro salvador da educação, da saúde, da transposição de rios, etc.

Hoje... nem o citam!

Vimos o petróleo derramado que nem na história infantil da “retireira” de leite cujos planos não se concretizaram depois de sua distração.

Ficarão para a próxima oportunidade os detalhes desse último conto.     



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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

agosto 04, 2017

Tão falso... tão bom.

Por Elisabeth Santos
©  | Dreamstime Stock Photos

Um vestido lindo copiado de um modelo das vitrines parisienses pode ser tão bom de vestir, quanto o original, e ainda proporcionar um momento inesquecível. Uma bijuteria imitando joia rara, que combine com o vestido; um par de sapatos de salto confortável, mesmo sem ter custado caro; acessórios e bolsa cheios de charme embora tenham saído do fundo do baú...

Certas coisas na vida não precisam ser autênticas, outras sim.

Amizade falsa, amor infiel, felicidade passageira, lágrimas mentirosas, e sorrisos forçados, ninguém merece.

Você pode ser você mesmo dentro de uma indumentária qualquer: fantasiado, representando um personagem, vestido luxuosamente ou com simplicidade. Não estaria sendo, entretanto, você mesmo caso se dispusesse a enganar alguém para receber algum benefício.

Enganar outras pessoas poderá ser relativamente fácil. Enganar-se, representando um papel que não corresponde aos próprios sentimentos, nem tanto.

A pessoa atingida pelo seu fingimento uma vez, questionará sua sinceridade dali por diante, ou não.

Mas... quem fingiu e prejudicou o grau de confiança de que foi depositário um dia, estará sempre camuflando alguma atitude intencionalmente. Temendo ser descoberto na sua insinceridade, tentará viver feliz num mundo criado para si, prestes a ruir ao primeiro sopro, brisa, ou ventania inesperada.

Há quem mantenha as aparências, para garantir boa vida. Faz jogada de trocas arrojadas crendo, que é só aquilo mesmo que lhe está reservado. Não acredita em amor sincero, amizade desinteressada, lágrima verdadeira, felicidade plena.

Deve ser pela própria incapacidade de gerar tais sentimentos, ou porque ninguém dá o que nunca recebeu.

Muito triste viver assim.




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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".