Por Elisabeth Santos
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TERCEIRA
PARTE
O
Tatu e o Trovador
Em noites claras, de lua cheia, sai o caçador em busca do Tatu, que não conseguindo dormir vagueia pelos campos. O Bicho Homem tem conhecimento que não deve se alimentar da carne do tatu por vários motivos, porem ouviu dizer de fonte ignota, pelo parente de um amigo que veio de outro canto do mundo, que aquela caça se transforma numa iguaria. Está lá o caçador à espreita do retorno da provável caça à sua casa, que é uma toca. Embora humilde residência, é lá que ele vive, reproduz e cria seus filhotes. Ele tem uma família! Além disso, tatus em geral são amigos dos humanos, pois se alimentam de formigas e cupins mantendo o equilíbrio da natureza. Não ficam soltos por aí ouvindo prosa mole de que o planeta Terra tem canto sendo que é redondo; ou tentando assassinar pessoas.
Voltando
à historinha para crianças de oito a oitenta anos de vida...
Em “noite alta, céu risonho, quando a quietude é quase um sonho”, saem também namorados, e enamorados. Os primeiros são aqueles que adoram estar em boa companhia, e vão com seus pares, trocando juras de amor sob “o luar que cai sobre a mata, como chuva de prata irradiando esplendor”. E o segundo... ah o Segundo... “Eu sou o enamorado da vida, quero viver todas as suas horas, as que prendi na mão e as que nunca alcancei.” Este, o verdadeiro amante de tudo quando é natureza, sai também a “ouvir estrelas” sem se preocupar, que os outros possam dizer dele: “decerto perdestes o senso”. Ele sai em qualquer momento do dia ou da noite, a observar toda criatura, e percebe o desespero do tatu fugindo do predador.
Desse imaterial, enxergado no material ou
simplesmente matéria, o enamorado escreve.
Escreve para quem lê, para quem tem ouvidos para ouvir, ou interpreta aquilo que lhe é lido.
E
o que diz o trovador desse tempo pós pandêmico, de plena consciência ecológica?
O trovador medieval fazia poesia, que transformava em cantiga, e se apresentava à nobreza da qual era parte.
Em algum lugar do futuro, este trovador, de coração e pensamento nobres, virou compositor seresteiro. Mais pra frente, sem nunca perder a nobreza da alma, não compôs mas escolheu cantar. Inspirando-se nos sons da natureza, saiu pelo arredondado mundo novo, e encontrando-se com o tatu bola, representante do reino animal, firmaram um tratado de paz. Os dois saíram juntos, cantando a beleza que é a vida:
-
Pan de lerê de pan - de - mi, muitas
coisas vi por aqui...
-
Ta de ta- tu, tatu do bem, be- be- re- rê, bem, bem...
-
Mu de mu- tan, de pan de pi. Ti, ti, ti, tá li...
-
Ão de tro – vão de chu- va cai. Va, va, va. Vai, vai...
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Có de có - có. Có- có- ri- có. Virou, tro, ló, ló...
-
Esta ami- za- de de ti pra mim será sem- pre assim...
-
E a can- ti- le- na não teve fim.
-
Fi, ri, ri, ri, fim, fim.
Em noite de lua cheia dizem por aí, que aparece o Lobisomem, ou pelo menos ouve-se seu uivar incessante e nostálgico. Pura lenda que faz tremer muita gente.
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