Quem profetizou foi Raulzito, com
sentido de ”A ESPÉCIE HUMANA PAROU”.
Animais silvestres e/ou selvagens não
pararam. Continuaram pulando de galho em galho; chocando ovos com o olhar;
arrastando asas para as fêmeas; bufando para o rival; uivando pra lua cheia;
cantando numa nota só; armando o bote; de boa na lagoa; caçando chifre (ou
carrapato) na cabeça de égua; voando em círculo sobre carniças; procurando
sarna para se coçar, mel no vespeiro, grota para o descanso eterno. E ainda... camuflando,
espreitando, fugindo da raia e caçando.
Ou estão avisando aos da sua espécie,
que vem vindo tempestade, ou tem inimigo a vista, com seus gritos, assobios,
urros, coaxados e até canto melancólico.
Animaizinhos, formigas, abelhas e
todos mais que vivem juntos aos seus semelhantes têm maneiras de se ajudarem. Quer
seja por comunicação antecipada, estoque de alimentos, preparação e divisão dos
mesmos, quer seja pela união no momento do ataque do inimigo comum.
A cadeia alimentar existe. Ouvi do
meu atelier um canto de pássaro bem diferente, e insistente, como não havia
ouvido antes. Pensei numa nova espécie visitando a árvore que vejo pela janela.
Atenta, fui observar quem estaria a cantar daquela maneira. Era uma canarinha
desesperada, pedindo por socorro aos colegas, devido ao inesperado ataque de um
gavião aos seus filhotes no ninho. Vi a fuga rápida do predador acompanhado do
bando de canarinhos de bico em riste, fazendo um barulhão. Mas aquele já havia
conseguido o intento.
Fui contar para minha vizinha o fato.
Ela respondeu-me com um muxoxo explicando: - Até o filhote da canarinha o
gavião levou. E olha que o pequenito se encontrava dentro da casinha que tem
porta minúscula!
- E o gavião pegou com o bico?
- Não. Uma pata agarrada firmemente à
entrada, a outra enfiada lá dentro a pegar o filhote.
E “O planeta Terra continua
girando...”
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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora resolveu escrever e já publicou dois livros. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".