junho 08, 2018

Minha natureza

Por Elisabeth Santos

 
Eu denomino minha a natureza que não me pertence, mas circunda-me, encontra-se no meu entorno.

Tenho sim, como propriedade meu modo de agir, que modifico de acordo com a circunstância sem ferir a essência do que sou, e tenho como meu. Esta sim posso afirmar ser... a minha natureza!

De criança já gostava da Natureza Mãe:

Árvores, bichos, sol se pondo, água jorrando nas pedras, ondas se desfazendo na areia, chuva, brisa e muito mais.

Aprendi do berço coisas assim:

Enxergar figuras nas nuvens; distinguir pássaros por seus cantares; cheirar folhas das plantas para antecipar quais seriam seus frutos; escolher pedras por seus formatos e cores; determinar a lenha que haveria de dar bom fogo para cozer e assar a comida.

Minha mãe advertia:

_ Se quiser ter bicho em casa, terá que ajudar a cuida-lo. Ninguém tem o direito sobre vida e morte de seu animalzinho de estimação.  Todos os dias temos, que oferecer-lhe alimento, abrigo, o que mais precisar.

E tínhamos um bassê chamado Bob, e um canarinho belga canoro sim senhor!

Um papagaio falante a dar notícias de tudo quanto fosse arte infantil, e um galinheiro cheio de um outro tipo de ave: alimento ideal para os domingos, dias santos e feriados em família.

Crianças não conseguiam entender essas diferenças, portanto nunca podiam presenciar a matança dos bichos que iriam para a panela.

_ A natureza está aqui também para servir a outra natureza. A humana.

_ A natureza humana necessita mesmo alimentar-se de carne?

_ Não, mas tomou gosto desde a época em que vivia nas cavernas.

Adolescentes questionam adultos. Estes questionam a Ciência. As pesquisas científicas não conseguem avançar, sem experimentos em seres viventes.

E chego a concluir sobre o meu ser natural: não sou isso ou aquilo. Devo ser uma mistura bem misturada, num equilíbrio perfeito, para sobreviver saudável nesse mundo velho sem porteira.   

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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

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