Por Elisabeth Santos
Num magazine, setor de livros e revistas está um
catálogo de modelos da ultima primavera. Lá se encontram duas amigas e começam
a folhear e fazer comentários sobre o conteúdo gráfico de um dos periódicos
disponível. Como estão fazendo o mesmo trajeto dentro daquele shopping... saem
juntas as três. Sim a amiga da Laura, que se chama Leonor tem uma filha de nove
anos com o nome de Liana. Elas continuam as compras, e vão de mãos dadas
passeando, quando Laurita percebe que trouxe a revista de modas que achou não
pertencer-lhe. Era um brinde da loja, mas ela não acreditou pela qualidade
superior do papel, e pelas trezentas e sessenta e seis folhas de magníficas
fotos e desenhos. Apavorada de ter consigo algo que não era seu, disse à amiga
que iria ali perto e voltaria num instante, mas não conseguiu retornar com a
rapidez que pensou.
O caso aconteceu assim: O shopping, sendo enorme como
era, tinha à disposição da clientela um micro ônibus a circular em seu entorno.
Laura com pânico de utilizar elevador lotado tenta descer pela escada rolante, que
parou sem mais sem menos. Ela olha para os lados buscando outra solução rápida,
e enxergando o ônibus estacionado próximo à porta lateral com indicação de
saída do shopping, corre e toma seu lugar nele, a revista de moda bem segura
embaixo do braço que leva ao ombro sua bolsa a tiracolo.
Que situação... pensa ela:_ Lá vem o cobrador e tenho
somente uma nota de cem reais. Tomara que ele troque senão faço o trajeto a pé.
Eu nem sabia que era lotação pago...
Se fosse lotação a serviço do shopping seria gratuito,
porém a super-distraída Laura deve ter tomado a condução errada. E o ônibus
começa a se movimentar, e sobe um morro que ninguém imaginaria ser possível
subir rápido.
Laura pensa no catálogo de moda que quer devolver,
pensa nas amigas aguardando-a e se desespera. Imaginou que o ônibus tinha
vários pontos de paradas pré-determinadas, mas parecia que não. Ele subia a
serra. A moça que estava sentada ao seu lado pega emprestada a revista. O
ônibus derrapa na lama, mas prossegue montanha acima. Chegando ao templo que
fica no pico para, e a maioria dos passageiros desce.
E o shopping? Aquela volta enorme fez a Laura perder o
rumo. Já não sabe mais onde estarão Leonor e Liana. A revista parecia um cabide
cheio de saias penduradas. As páginas estavam se soltando e sendo recolhidas.
Não fazendo sentido devolvê-la assim, Laura se dirige à loja e resolve se
explicar. O atendente fica muito bravo com ela, que tira a nota de cinquenta
reais para ressarci-lo do prejuízo e pedir renovadas desculpas. E ele,
recusando pagamento, a manda ir à gerência do grande magazine aonde permanece
por infinitos trinta minutos aguardando sua vez de ser atendida. O número da
senha ainda irá surgir na tela eletrônica que organiza a ordem de atendimento.
Laura cochila naquela poltrona macia e quase sonha.
Nunca mais viu sua amiga Leonor com a filhinha Liana
que no dia de hoje já deve estar bem crescidinha...
Laura está mais que feliz fazendo terapia para
controlar sua ansiedade.
E assim termina a história que pode acontecer a
qualquer distraído, se o acaso não o proteger!
Nota de esclarecimento final: a revista a focar a
última moda era brinde sim senhora! O absurdo que deveria ter sido seu custo
foi pago pelos patrocinadores, que por sua vez repassaram para os compradores
das roupas.
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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
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