janeiro 10, 2020

O Reizinho

Por Elisabeth Santos 

R de Reizinho

Ele não mora em castelo ou palácio, mas reina em sua família. Todas as atenções, cuidados, carinhos e olhares se voltam para ele, quando passa por nós.

Nem anda ainda. Vem de carona nos braços da madrinha.

Ele parece agradecido ao ensaiar um sorriso.

Continuando o passeio pela casa observa a luz, as cores, movimentos e procura de onde vem o som do gorjeio longínquo de um pássaro.

O neném é pequeno, mas tem suas preferências. Não gosta de ficar na posição deitado onde as pessoas parecem grandes demais. Depois da mamada, para arrotar, deve estar no colo com o corpinho mais na vertical. Acostumou-se, pois demora a fazer o trabalho completo. Agora não quer outra vida. Deitado no berço, carrinho ou colo não fica sem reclamar. Quer ficar em pé. E teima chorando alto. Alguém ousou comentar com a jovem mamãe, que essa nova posição ainda não é para sua idade (contada em meses). A mamãe respondeu sem pestanejar, apontando para o bebê: _ Avisa a ele aqui, por favor.

Nenéns não gostam de serem contrariados em suas preferências. Papai e mamãe não gostam de escutá-los berrando.

Dentre os recursos usados, apelam para o ventilador de teto ligado no mínimo do mínimo, como exaustor. Já haviam descoberto que aquela máquina chama a atenção da criança. É uma distração momentânea!

Adultos levantaram hipóteses sobre o que o bebê acha deste ventilador.

Foram três opiniões diferentes: uns concordaram que o movimento circular seria uma novidade; outros opinaram ser agradável para aquela criaturinha sentir o ar se movendo; os restantes chegaram a uma conclusão mais elaborada... No mundo de onde veio, existem fadas e libélulas, e aquela geringonça pregada no teto da sala trouxe à criancinha a lembrança de alguma libélula gigante.

Fosse o que fosse, o reizinho se acalmou pelo tempo suficiente de sua mamãe ter o peito vazando leite para alimentá-lo ou consola-lo novamente.

Aí sim, já era hora de dormir calmamente.

A rotina dos pais do reizinho haveria de recomeçar após umas horas: trocar a fralda, preparar o banho de água, providenciar o banho do sol da manhã, servir as gotinhas de vitamina recomendadas pelo pediatra e... fazê-lo arrotar, após cada mamada.

Em seguida vão guardar suas roupinhas, que já não servem mais; por em uso os lindos sapatinhos e sandálias antes que os perca; elevar a grade do berço, por precaução.

Bebês não avisam quando irão dar impulso com os pezinhos firmes no colchão, ou se virarem e revirarem no berço, surpreendendo toda gente.





--
Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Leave your comments here.