Por Elisabeth Santos
R de Reizinho |
Ele não mora em castelo ou palácio, mas reina em sua
família. Todas as atenções, cuidados, carinhos e olhares se voltam para ele,
quando passa por nós.
Nem anda ainda. Vem de carona nos braços da madrinha.
Ele parece agradecido ao ensaiar um sorriso.
Continuando o passeio pela casa observa a luz, as
cores, movimentos e procura de onde vem o som do gorjeio longínquo de um
pássaro.
O neném é pequeno, mas tem suas preferências. Não
gosta de ficar na posição deitado onde as pessoas parecem grandes demais.
Depois da mamada, para arrotar, deve estar no colo com o corpinho mais na
vertical. Acostumou-se, pois demora a fazer o trabalho completo. Agora não quer
outra vida. Deitado no berço, carrinho ou colo não fica sem reclamar. Quer ficar
em pé. E teima chorando alto. Alguém ousou comentar com a jovem mamãe, que essa
nova posição ainda não é para sua idade (contada em meses). A mamãe respondeu
sem pestanejar, apontando para o bebê: _ Avisa a ele aqui, por favor.
Nenéns não gostam de serem contrariados em suas
preferências. Papai e mamãe não gostam de escutá-los berrando.
Dentre os recursos usados, apelam para o ventilador de
teto ligado no mínimo do mínimo, como exaustor. Já haviam descoberto que aquela
máquina chama a atenção da criança. É uma distração momentânea!
Adultos levantaram hipóteses sobre o que o bebê acha
deste ventilador.
Foram três opiniões diferentes: uns concordaram que o
movimento circular seria uma novidade; outros opinaram ser agradável para
aquela criaturinha sentir o ar se movendo; os restantes chegaram a uma
conclusão mais elaborada... No mundo de onde veio, existem fadas e libélulas, e
aquela geringonça pregada no teto da sala trouxe à criancinha a lembrança de
alguma libélula gigante.
Fosse o que fosse, o reizinho se acalmou pelo tempo
suficiente de sua mamãe ter o peito vazando leite para alimentá-lo ou
consola-lo novamente.
Aí sim, já era hora de dormir calmamente.
A rotina dos pais do reizinho haveria de recomeçar
após umas horas: trocar a fralda, preparar o banho de água, providenciar o
banho do sol da manhã, servir as gotinhas de vitamina recomendadas pelo
pediatra e... fazê-lo arrotar, após cada mamada.
Em seguida vão guardar suas roupinhas, que já não
servem mais; por em uso os lindos sapatinhos e sandálias antes que os perca;
elevar a grade do berço, por precaução.
Bebês não avisam quando
irão dar impulso com os pezinhos firmes no colchão, ou se virarem e revirarem
no berço, surpreendendo toda gente.
--
Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
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