julho 10, 2020

Vô e vó

Por Elisabeth Santos


O neném está ficando bem sabido:

Hora de passear de carro?

 - Quero passear!

Anteriormente, para que ele pegasse no sono, seu vovô ajeitava-o na cadeirinha do carro e iam dar umas voltas pela cidade. O sono vinha rápido e profundo. Passados uns meses a ordem dos fatos ficou um pouco diferente. O bebê estende os bracinhos, se debate, resmunga até que o avô o pegue no colo e entre no carro.

- Dormir? Que o quê?

Sorrindo feliz lá vai o neném instalado no Bebê Conforto. Parece prestar atenção no trajeto. Os olhos bem abertos nem se movem. E voltam à casa para renovadas tentativas de um bom sono.

Na penumbra, em seu carrinho que vai de lá para cá, ouvindo cantigas de ninar, dorme sossegado. O ritual inteiro é: troca de fralda, pijama confortável, ambiente calmo. O tempo de embalar a criaturinha nos braços, andando e cantando... Passou. O neném está bem pesado para a vovó dar conta do revezamento.

Toda a família se encanta com os progressos do novo membro que tem agora cinco meses. Ele parece reconhecer cada um. Sorri, agita os braços para ganhar um colo, gosta de gente e coisas se movimentando. Não dá confiança para o pet da casa que mal sai de seu canto curtindo o sono da idade avançada.

 Um dia, há bons anos, este cão agitou a casa inteira, fez o maior rebuliço, pulou em cadeiras, mesa e até janela. Neném nada disto viu...

Decerto pensa que aquele pet é brinquedo de pelúcia.

Atentos a todas as novidades estão as pessoas ao redor da criança: um a querer ser o primeiro a ver seus dentes apontando; outro a ouvir seu balbucio; a fazer careta para alimentos sólidos, lambrecar a roupa nova com sorvete... Lista sem fim.




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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora resolveu escrever e já publicou dois livros. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

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