março 29, 2019

Universalidade

Por Elisabeth Santos



Tive um professor na faculdade que dizia coisas que seus alunos estranhavam...

Primeiro revelarei qual era um de seus método de ensino...

Ele mandava lermos sobre determinado tema e marcava o dia do seminário quando formávamos um círculo, e íamos debater sobre o assunto em questão. Citando fonte e autor, explicávamos uns aos outros usando palavras nossas, ou seja, o que entendemos da leitura feita. Em seguida podíamos: opinar, censurar ou aplaudir sempre com justificativas de acordo com motivos expostos. Ele não admitia que alguém dissesse apenas: _ Gostei! /_ Não gostei!/ _ Acho certa (ou errada) a afirmação do autor!

Assim sendo, nós universitários éramos incentivados a raciocinar. Estando a falar para os colegas, estes iam complementando com suas ideias, a favor ou contra. A maioria gostava de participar enriquecendo o dia do seminário em sala de aula.

Ao final do semestre havia a verificação de aprendizagem da matéria por escrito e individual; e a apresentação do trabalho em grupos sorteados pelo professor. Esta apresentação poderia ser feita usando o esquema de um autor consagrado, nunca o mesmo exemplo citado no livro dele.

Para compensar a trabalheira, dali todos tiveram oportunidade de não ficarem alienados; em ter um olhar crítico sobre notícias em geral; de ouvir, considerar, respeitar a universalidade de teorias, pensamentos, sugestões, maneiras de agir, ou sobre as diferenças culturais das civilizações.

Revelarei o que causava certa estranheza de alunos calouros naquela faculdade em relação ao professor.

Demoramos alguns semestres para entender que nosso mestre...

_ Não defendia a ideia de um mundo superpovoado, mas melhores condições para a família (célula mater da sociedade) ter e criar filhos para o exercício pleno da cidadania.

_ Não era a favor de auxílios perpétuos, em dinheiro, aos desfavorecidos queria só, que a estes fossem oferecidas condições de ascensão sócio econômica cultural.

_ Não queria mais impunidade, mantendo criminosos em liberdade, e sim condições de recuperação dos detentos para voltarem ao convívio social útil e sadio.

_ Fazia-nos ver que a defesa do criminoso flagrado infringindo direitos humanos, por exemplo, não poderia utilizar de mentiras deslavadas que sugeriam uma incapacidade do cidadão comum em “enxergar evidências”, aceitando a autoridade do assunto como alguém infalível.

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E nós ali, nos bancos acadêmicos, pensando que tudo aquilo de falar do que não existe era uma utopia invencível, fomos amadurecendo, conhecendo outras formas de governo, vendo outras realidades, tomando consciência de unidos podermos ser agentes da mudança necessária para o bem de todos.


Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".    

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