Um convite para viajar sempre será benvindo pela
turminha “pé na estrada”. Em qual direção, nem interessam muito em saber
contanto que estejam juntos. Nem sempre irão todos no mesmo barco. A partir de
três sairá a excursão pra onde o vento levar. É verdade que essa linguagem é
codificada, mas todos, e suas famílias desvendarão os termos pelo uso habitual.
Desde mil novecentos e bolinha, por não serem exatos.
A qual membro interessará conhecer todos os detalhes no surgimento de uma oportunidade de viajar? O negócio será sempre estar disponível, motivado, e bem disposto a enfrentar o que der e vier. O imprevisto estará à espreita.
Para a nascente do rio São Francisco, ou para a Foz do
Iguaçu; em uma prainha do passado ou praia grande do Futuro; num local próprio
para camping, ou impróprio para qualquer cabana de sapé... lá estarão os
aventureiros.
Seguem em trilhas, a pé; de carona sacolejando nos
trechos não pavimentados; de ônibus, caminhonete, qualquer trem.
Levam nas costas: a mochila, a barraca, o colchonete,
com a tralha imprescindível. Nada de extras, que haverão de pesar, cansar, ou
até mesmo atrapalhar. Seguem o “manual de escotismo” guardado na memória.
Ontem foram convidados por um amigo do amigo que
descobriu um trecho encachoeirado do rio Conquista, que ia dar num poço onde se
pulava pendurado num cipó. Divertimento ideal para o domingo, com direito a
competição de mergulhos artísticos. Hoje uma ida à cidade vizinha na festa da
padroeira, com festival de música, sem hora ou dia para acabar. Pouso garantido
na varanda da casa de parente do amigo. Amanhã... uma variedade de condução à
escolha; infinidade de programas; lugares distantes; diferentes ou totalmente
desconhecidos. Tudo recheado de surpresas a serem exploradas e mapeadas, para
um retorno qualquer dia em que o vento sopre a favor.
Passada a idade do gosto pela aventura, depois dos
estudos, dos relacionamentos se efetivarem, com ou sem maturidade... as
excursões diminuíram de número, aumentando em quilometragem, milhas ou nós. Planejadas
em vídeo conferências, ou quaisquer tipos de comunicação através do que há de
mais atual, atingindo distâncias incríveis, sem barreiras nem fronteiras...
O carro moradia com todo o instrumental de localização,
conforto e segurança. O barco alugado para todos compartilharem. O avião com
reserva para vinte e oito turistas.
A história recontada com enxertos de outras mil no
decorrer dos anos de encontros e desencontros.
E ali estão alguns descendentes, trazendo na lembrança
os ausentes; novos pares, ou olhares; outros caminhos ou jeitos de caminhar;
todos unidos pela vontade de ir... pra onde o vento levar.
Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
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