abril 12, 2019

Casa ou não casa

Por Elisabeth Santos



No tempo em que as “princesas” queriam casar-se preferencialmente com príncipes e se tornarem rainhas... Existia maneira infalível para adivinhar o ofício do futuro noivo. Era só ir abotoando a roupa, cada botão em sua casa, recitando assim: “casa, não casa, casa, não casa. Rei, capitão, soldado, ladrão... moço bonito do meu coração”. Se, eram muitos os botões ia-se repetindo os versinhos.

 Nenhuma das meninas queria “o ladrão”, mas aceitavam felizes o destino a prever o “moço bonito do seu coração”. Sendo que “quem ama o feio, bonito lhe parece” as mocinhas queriam mesmo casar por amor. Roupas de quatro casas e seus botões, não davam sorte, pois previam a solteirice.

Quanta bobeira, naqueles passatempos ingênuos de tempos passados, que não voltam mais...

Ao confidenciarem sobre a primeira noite a sós com o amado algumas adolescentes anteviam a timidez de tirarem toda a roupa mesmo na escuridão do quarto; outras doidinhas para saberem como seria, da “boca pra fora” manifestavam interesse no assunto. Logo elas que nem o uniforme de estudo trocavam pelo uniforme de ginástica diante das coleguinhas... Dúvidas eram levantadas.

A que se julgava a mais esperta da turma, em certo momento de confidências, saiu-se com esta ideia: _ Já sei como será minha camisola de lua de mel! Confeccionarei eu mesma uma veste cobrindo-me do pescoço aos pés, com mil dúzias de botões de pérolas, casinhas de fita de seda, e aí meu noivo vai dormir de canseira até chegar ao final da tarefa de desabotoar tudo.

Das duas opções uma haveria de ser a acertada: a mocinha levaria tanto tempo costurando a camisola, que ficaria para titia; o noivo, embriagado de amor, nem enxergaria as perolazinhas ali enfileiradas.

Quem me contou jurou que o casamento realizou-se e o casal foi feliz para sempre.
Deve ter sido por causa das flores de número ímpar de pétalas, daquela brincadeira de “bem me quer, mal me quer, BEM ME QUER...”



 
--
Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Leave your comments here.