Por Elisabeth Santos
No tempo em que as “princesas” queriam casar-se
preferencialmente com príncipes e se tornarem rainhas... Existia maneira
infalível para adivinhar o ofício do futuro noivo. Era só ir abotoando a roupa,
cada botão em sua casa, recitando assim: “casa, não casa, casa, não casa. Rei,
capitão, soldado, ladrão... moço bonito do meu coração”. Se, eram muitos os
botões ia-se repetindo os versinhos.
Nenhuma das
meninas queria “o ladrão”, mas aceitavam felizes o destino a prever o “moço
bonito do seu coração”. Sendo que “quem ama o feio, bonito lhe parece” as
mocinhas queriam mesmo casar por amor. Roupas de quatro casas e seus botões,
não davam sorte, pois previam a solteirice.
Quanta bobeira, naqueles passatempos ingênuos de
tempos passados, que não voltam mais...
Ao confidenciarem sobre a primeira noite a sós com o
amado algumas adolescentes anteviam a timidez de tirarem toda a roupa mesmo na
escuridão do quarto; outras doidinhas para saberem como seria, da “boca pra
fora” manifestavam interesse no assunto. Logo elas que nem o uniforme de estudo
trocavam pelo uniforme de ginástica diante das coleguinhas... Dúvidas eram
levantadas.
A que se julgava a mais esperta da turma, em certo
momento de confidências, saiu-se com esta ideia: _ Já sei como será minha camisola
de lua de mel! Confeccionarei eu mesma uma veste cobrindo-me do pescoço aos
pés, com mil dúzias de botões de pérolas, casinhas de fita de seda, e aí meu
noivo vai dormir de canseira até chegar ao final da tarefa de desabotoar tudo.
Das duas opções uma haveria de ser a acertada: a
mocinha levaria tanto tempo costurando a camisola, que ficaria para titia; o
noivo, embriagado de amor, nem enxergaria as perolazinhas ali enfileiradas.
Quem me contou jurou que o casamento realizou-se e o
casal foi feliz para sempre.
Deve ter sido por causa das flores de número ímpar de
pétalas, daquela brincadeira de “bem me quer, mal me quer, BEM ME QUER...”
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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
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