Por Elisabeth Santos
Quarto mês de isolamento social, e
você aí “caçando” coisas para fazer se depara com um guarda roupa entulhado.
Chegou aos cabides de roupas de vestir e percebeu que eles, contam muito sobre
a sua vida.
Parando para pensar aí solitária,
você que estava ansiosa para ajeitar o armário, começa a sentir uma coceira nos
dedos que querem digitar. Daí ao computador... três segundos. É uma força
maior. Melhor parar para contar a quem estiver perto, e a quem longe estiver, o
que descobriu.
Foi sobre seu passado? Foi sobre seu
estado de humor? Seu gosto pessoal? Status?
Vejamos então quais tipos de cabides ali se
encontram.
Se houver um jeito de selecionar poderá
começar agora. Estou doidinha para saber, porque também eu estou procurando o
que mais a fazer dentro da minha residência.
Cabides viraram pejorativo quando acrescidos
das palavras mágicas... “de emprego”. Não é disto que se trata. O assunto é bem
sem graça mesmo: um texto sobre cabides de pendurar roupas numa arara
(’tadinha), num closet, no interior de um móvel que denominamos guarda roupas,
ou armários de quarto de dormir.
A lista que recebi:
“- Ainda tenho algum cabide feito em
casa, com arame trabalhado no alicate. O material era dos bons. Aguenta até
hoje o peso de um poncho tricotado em lã grossa.”
“- Achei, bem no cantinho, um cabide
de arame revestido de material plástico colorido. A matéria prima certamente é
de alguma fábrica, mas o objeto poderia ter saído das mãos habilidosas de algum
artesão. Quem sabe utensílio confeccionado em série numa produção doméstica na
garagem? Ali pendurado enxerguei uma japona de feltro marrom com dois grandes
bolsos laterais e botões revestidos de napa. Bom cabide!”
“- Num relance descobri uma maioria
significativa de cabides de madeira no guarda roupa embutido numa das paredes
do quarto do casal. Esbocei um riso maroto, pois ainda não havia prestado
atenção em cabides, suas histórias e a quem serviram e servem até hoje. Uns
largos e longos (tinham haste para baixo), em madeira de lei envernizada. Suponho
que algum dia serviram para as casacas, fraques ou similares. Entretanto
poderia ter sido invenção de um(a) baixinho(a) para lhe facilitar pendurar
cabides num cabideiro de altura avantajada. No momento vi dependuradas muitas
calças de casimira, tricoline, gabardina e tecido de lã “jaquard”. Tanto as
roupas, quanto os cabides dali eram de feitio clássicos.”
“- Engraçado... no meu guarda roupa
nada disso encontrei. Tenho cabides inoxidáveis inclusive triplos. Neles guardo
três ou mais calças compridas sem amarrotar! Quando vazios, estes cabides ficam
tilintando a qualquer movimento. Minhas roupas sim, variam muito. A cada
estação do ano renovo-as. A cada viagem trago lançamentos. Acompanho modelitos
recém chegados às vitrines. Ainda não havia parado a pensar em novos cabides.”
“- Gente, descobri que tenho amostras
de todos esses cabides, e ainda os de plástico que à toa, à toa ficam
encurvados. Quem quiser imaginar que tipo de vida levei, quantas mudanças fiz
até então, irá surpreender-se. Pode não ser nada disso também. Posso ser
colecionadora, estudiosa do tema, herdeira de muitos parentes, ou simplesmente
compradora compulsiva de cabides. Estejam todos(as) certos(as) porém: Sempre
trabalhei duramente sem ter “emprego como cabide” uma única só vez! Então o
duramente tem aí duplo sentido... o de trabalhar muito e estar dura ou sem
grana já na metade do mês.
Agora sofrendo com a falta do que
fazer, fico “caçando” títulos para novos textos.”
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