agosto 21, 2020

Meio ano

Por Elisabeth Santos


Cá está ele, a alegria da família, dono de nosso tempo, senhor de suas vontades e administrador do orçamento doméstico: o neném que completou seis meses de vida!

- Se já está dentro do carro e percebe que o vovô desta vez não vai junto... vira-se para ele e o chama, ou pelo menos reclama, balbuciando coisas ininteligíveis. Ao seu modo, o reizinho da família, manda, desmanda e comanda. O bom seria o avô não ir se despedir, todo mundo já percebeu menos o próprio, que se enche de orgulho com aquela demonstração de amor.

Estando no colo do vovô o pequerrucho não estende os braços para nenhum outro convite por mais brinquedos que estejam a oferecer-lhe.

E a gente vai percebendo o tanto de coisas aprendidas desde a manifestação de preferências, alimentação e movimentos a brincadeiras de esconde - aparece.

O neném ergue a cabeça numa tentativa de assentar-se, mas são só tentativas. Está se exercitando para chegar lá.

Na cadeirinha de refeição, preso ao cinto de segurança, recebe as comidas amassadas na ponta da colher. Fica bravo com a possível demora, faz cara feia para novos sabores, adora frutas raspadinhas, suga o caldo das mais suculentas e... não abre a boca se está satisfeito. Melhor não insistirmos...

Para quem tem só meio ano de vida por conta própria, o bebê está com um bom repertório.
Só na hora de dormir dá mais trabalho por estar indeciso entre “quero não,” mas “preciso sim”. Sua mamãe está achando que o filhote não quer perder nada do que acontece em torno. O papai acha que é uma luta entre duas forças: o sono, e o medo do desconhecido. Vencido pelo sono, o neném dorme por horas e acorda sorrindo feliz.

A roda viva continua para a felicidade de todos: mamar, dormir, tomar banho, papar, trocar fralda, tomar a vitamina em gotas que provoca lambança, passear de carrinho, tomar banho de sol e mais dos muitos detalhes para viverem de bem com o aprendizado sem fim, que a vida oferece.



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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora resolveu escrever e já publicou dois livros. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

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