Cá está ele, a alegria da família,
dono de nosso tempo, senhor de suas vontades e administrador do orçamento
doméstico: o neném que completou seis meses de vida!
- Se já está dentro do carro e
percebe que o vovô desta vez não vai junto... vira-se para ele e o chama, ou
pelo menos reclama, balbuciando coisas ininteligíveis. Ao seu modo, o reizinho
da família, manda, desmanda e comanda. O bom seria o avô não ir se despedir,
todo mundo já percebeu menos o próprio, que se enche de orgulho com aquela demonstração
de amor.
Estando no colo do vovô o pequerrucho
não estende os braços para nenhum outro convite por mais brinquedos que estejam
a oferecer-lhe.
E a gente vai percebendo o tanto de
coisas aprendidas desde a manifestação de preferências, alimentação e
movimentos a brincadeiras de esconde - aparece.
O neném ergue a cabeça numa tentativa
de assentar-se, mas são só tentativas. Está se exercitando para chegar lá.
Na cadeirinha de refeição, preso ao
cinto de segurança, recebe as comidas amassadas na ponta da colher. Fica bravo
com a possível demora, faz cara feia para novos sabores, adora frutas
raspadinhas, suga o caldo das mais suculentas e... não abre a boca se está
satisfeito. Melhor não insistirmos...
Para quem tem só meio ano de vida por
conta própria, o bebê está com um bom repertório.
Só na hora de dormir dá mais trabalho
por estar indeciso entre “quero não,” mas “preciso sim”. Sua mamãe está achando
que o filhote não quer perder nada do que acontece em torno. O papai acha que é
uma luta entre duas forças: o sono, e o medo do desconhecido. Vencido pelo
sono, o neném dorme por horas e acorda sorrindo feliz.
A roda viva continua para a
felicidade de todos: mamar, dormir, tomar banho, papar, trocar fralda, tomar a
vitamina em gotas que provoca lambança, passear de carrinho, tomar banho de
sol e mais dos muitos detalhes para viverem de bem com o aprendizado sem fim,
que a vida oferece.
--
Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora resolveu escrever e já publicou dois livros. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
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