dezembro 11, 2018

As árvores

Por Elisabeth Santos

Beth admirando as cores do outono da Carolina do Sul.

São muitas as perguntas duplas que ouço por aí:

_ “As rosquinhas são fresquinhas por que se vende mais ou vende-se mais por que são fresquinhas”?

_ “A vegetação é verde onde chove mais ou cai mais chuva onde a vegetação é mais abundante”?

Eu responderia, a partir das árvores observadas onde as estações do ano são bem definidas:

_ Elas crescem mais quando a chuva é abundante, ficam verdíssimas quando o sol resplandece, dão flores e muito pólen na primavera, fazem cair chuva de folhas antes do inverno e no frio intenso... ficam secas porem com vida.

Já morei num bairro semelhante a um bosque e senti as vantagens de viver perto da natureza. Senti também ter de tomar determinadas precauções quanto aos inconvenientes... A primavera é linda, mas o pólen em excesso incomoda, entupindo meu nariz, embaçando o para brisa do carro!

O verão é uma delícia com tantas árvores sombreando a varanda onde permaneço lendo, embora os mosquitinhos não deem sossego.

Outono? Folhas coloridas do amarelo ao marrom escuro passando por tons de vermelho afofam o chão, em que passo temerosa, dos peçonhentos que ali se alojam.

Assim chega o longo inverno! Nem sei como as árvores resistem assim sem suas roupagens sendo que eu pareço um monte de agasalhos perambulando pelo jardim.

E aí percebo que uma das árvores está perdendo a vitalidade e me apresso a chamar o “doutor”, ou seja, o especialista. Fizemos de tudo para salvá-la. E depois de um ano de tentativas frustradas, diante do diagnóstico definitivo, aceitei ter de retirá-la.

Embora com todo o aparato para nenhum prejuízo maior acontecer, no fundo do meu coração senti que aquela gigante tombando ia deixar um vazio...

Na hora da retirada da raiz, pensei numa solução:

_Vou fazer um canteiro de flores coloridas nesse espaço!

O bom de morar num bosque é ter terra fértil no entorno e sempre poder trocar plantas, e vizinhança. Agora tenho festival de borboletas, joaninhas, beija-flores completando meu zoo particular.

E voltando à questão inicial... Rosquinhas vendem mais estando ao gosto do nosso paladar, na mesma proporção que os bosques atraem moradores que aprendem a conviver com a natureza.

A triste derrubada de uma árvore doente.




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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

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