Hoje, no jogo do Bicho, acertarei o gato e com a grana
irei comprar uma porta para instalar na área de serviço da minha moradia. Tudo
isto tramei quando estava saindo da cozinha para verificar a intensidade dos
pingos da chuva lá fora e... um gato enorme passou ventando sobre meu pé e
“debandou na pirambeira” como se diz por aqui quando o outro é tão ligeiro na
fuga, e não vê barreira à sua frente. Nem com os pingos gélidos da água a cair
do céu, o bichano se importou. Decerto correu para continuar a soneca na
oficina, do dono da casa, que também está sem porta.
Ato seguinte verifiquei com as costas da mão os três
lugares prováveis do gatão ter passado a noite. Descobri que dormira sobre a
pilha de tapetinhos limpos, pois ali estava bem quentinho. Será que gato traz
pulgas? Por via das dúvidas bombeei inseticida no local.
Um dia desses minha amiga, que mora em frente à minha
casa, flagrou um outro gatão em sua cozinha. Ele correu pelo quintal, pulou o
muro levando na boca o filé de frango que estava degelando à beira da pia, e
haveria de ser servido como prato principal do almoço.
Sem contar os inúmeros acontecimentos de felinos
caçando pássaros de estimação dentro de suas próprias gaiolas, não sei o que
mais poderão inventar.
No meu jardim apareceu uma cobra. Depois que o
jardineiro a matou, recolhi a peçonhenta num vidro com álcool, deixando-o no
galpão das ferramentas. Passados os tempos das “vacas gordas”, um gato amarelo procurando
comida pela estante do galpão, percebeu que “a coisa” se mexia. Estava claro,
para mim, que o andar do gato balançava o líquido. Não deu outra: o gato
acertou o pulo, derrubou o vidro, se alimentou da magra cobrinha de jardim, e
lambeu o chão molhado de álcool. Na certa saiu embriagado.
O último lance ocorreu há poucos dias quando vi o gato
malhado subindo na macieira para caçar o filhote da sabiá, desesperada piando
por socorro. Corri a espantar o caçador, mas ele voltou e realizou o intento.
Sei que todo animal precisa alimentar para sobreviver.
Acho que nos meus domínios está faltando um canzarrão
para completar a ciclo alimentar da natureza...
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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
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