Meu vovô me ensinando a dirigir. |
Meu
vovô é muito lindo: conversa comigo, faz eu dormir e me leva para dar uma volta
de carro. Quando eu vou pegar no sono, por um tempo fico conferindo se ele
continua ali pertinho me olhando. É bem assim: meus olhos vão fechando de
sonolência pura, tento conservar eles bem abertos para ver se o meu vovozinho
ainda está por ali. Se está, eu sorrio. E assim abrindo e fechando os olhos
cada vez mais lentamente... Cansado de querer me livrar do sono profundo, eu
durmo sossegado.
Dormir é muito bom quando eu acordo. Acordo de
bom humor, sorrindo até chegar meu leite. Se atrasa... abro a boca a chorar
para dizer à minha mãe, que ela está demorando. Então é esta a ordem do dia:
_ Dormir sob o olhar do vovô, e acordar com a minha mãe já me esperando para
mamar.
A
hora do meu banho eu não deixo passar. Resmungo e resmungo. Escuto o barulho
da água e espero. Para mim é um recreio escolar de tanta felicidade quando meu
vovô, ajudado pela vovó, me põe na água. Que delícia!
Eu
tenho que me manifestar na hora da saída da banheira, então faço beicinho de
choro. Minha vovó, encarregada de me secar faz daquele momento uma farra e eu
desisto de reclamar que sair da água, meu ambiente natural antes de nascer, é
decepcionante.
Depois...
chegando a hora de por roupa, todo mundo já sabe o que não gosto. Choro de
verdade se gola e punhos são difíceis de passar. Vovô sempre dá um jeito de
amenizar a situação, conversando e rindo para mim.
_
Quer ficar pelado é? Pode não. Olha que roupinha bonita escolhi para você na loja
do Turco.
Volto
à minha rotina de mamar, dormir, brincar.
O
choro é meu modo de dizer que molhei a fralda. No exato momento da troca, muito
à vontade assim peladinho, sai um xixi em direção a quem ali está comigo. Acho
que já acertei cada um que cuida de mim. Se falta alguém, pode aparecer que
ainda acerto.
Os cuidadores habituais estão avisados:
-
Feche a fralda limpa rapidamente. Sem querer querendo, lá vai um jato. Vovô é
meu alvo preferido porque não reclama. Muito pelo contrário, dá risada. Aliás...
tudo que eu faço ele acha engraçado ou bonito. Conta pra todo mundo minhas
proezas.
E
eu fico feliz!
--
Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora resolveu escrever e já publicou dois livros. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
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