Por Elisabeth Santos
Completados quatro meses de vida, o
bebê parece outro: as cólicas sumiram; o tamanho e o peso aumentaram
significativamente; o repertório dos sons foi acrescido de uma variedade de
outros com que tenta conversar com os adultos à sua volta; prefere a posição
assentado com apoio; gosta cada vez mais de estar fora de casa; sorri de
felicidade ao perceber que está indo passear de carrinho, carro ou carrão.
O bebê interage à sua maneira, e o
dia a dia com seus cuidadores está bem mais interessante. Atento aos movimentos
e barulhos à sua volta, procura com os olhinhos: as luzes; o ventilador de teto
movimentando; os brinquedos coloridos que balançam por ali pendurados; o
ambiente diferente em que se encontra...
É como se quisesse dizer:
- Esta não
é a minha casa. Que pessoas são essas? Por que ficam me bajulando?
O neném ainda não se encontra na
idade de estranhar, mas quando cessa a canção de ninar, o embalo da sua
condução, o rumor de pessoas à sua volta, ele resmunga. É tão novinho, mas sabe
manifestar gosto por essas coisas que todas as crianças do mundo gostam. A
gente acha graça. Se rimos, ele ri também. Parece que nos entende.
Quando ele chora, embora saibamos que
é seu jeito de expressar, fazemos de tudo para distraí-lo. Dali a pouco ele
para de chorar e deve ficar pensando no tanto de adulto bobo ele tem por
perto. Uns a balbuciar imitando-o, outros a estalar os dedos, bater palmas,
cantarolar e até revezando colinho bom. Neste ponto parecem até disputar qual
vai ser a alquimia a resolver o que acham ser um problema: o choro da
criaturinha!
Outra coisa que tentam pausar é o
soluço do bebê. Seria o frio? O peito úmido de tanto babar? Qual seria a
solução para soluço?
Por enquanto ele não bebe água.
Um susto resolveria?
Quem sabe uma simpatia ensinada pela bisavó?
E o soluço some sozinho, sem
explicação.
O bebê?
Tá nem aí.
--
Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora resolveu escrever e já publicou dois livros. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
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