Por Elisabeth Santos
Tadinho do porco...
Acho que as feijoadas mais gostosas são as bem feitas
com a morte do porco. Nada de embutidos sofisticados, feitos à moda de países
do velho mundo.
“Mundo, mundo, vasto mundo: se eu me chamasse
Raimundo, seria uma rima, não seria uma solução (Drummond)”. Pelo menos para a
feijoada que aprecio!
Primeiro aparece o matador e preparador oficial do
porco de engorda que está no chiqueiro. Este sim vai dar ótimos embutidos,
torresmo e carne nobre para ser apurada e depois mantida na banha. As orelhas,
língua, pés e rabinho serão aferventados e conservados no freezer até o dia
“D”.
À véspera do tão aguardado almoço especial com
familiares, amigos, colegas de serviço, compadres e vizinhos, escolhe-se o
leitão para completar as carnes da feijoada que há de ter carnes frescas. Às
porções que ficaram no freezer, serão juntadas suas semelhantes para se cozer
em panela de pressão.
O feijão em quantidade adequada deve ser preto, mas
como feijão é feijão, pode ser usado aquele da última colheita local.
Idem, idem o arroz branco que deverá acompanhar o
prato principal: Arroz cateto, integral, parboilizado ou não acompanharão muito
bem minha feijoada.
No sábado dessa tal feijoada, aí sim: apanha-se a
couve verdinha no canteiro da horta que fica atrás da casa, pertinho da porta
da cozinha. Bem de jeito estão também, pimenta, salsa e cebolinha.
Limão para o preparo da caipirinha e da limonada das
crianças; laranja pra ‘cascá, retirar a pele branca sem feri-la, e servir
fatiada nas travessas; muito caldo do feijão já refogado e temperado para, em
separado, ser acrescido de pimenta malagueta só para os autênticos apreciadores
de um molho picante.
Farinha torrada, ou farofa mexida na hora, enfeitada
com pedacinhos da linguiça do fumeiro.
Agora sim! Só quem provou sabe como tudo isto é bom
principalmente num dia de temperatura amena ou fria...
Um enorme caldeirão com as carnes previamente fritas
ou cozidas, misturadas ao feijão borbulhante, espalha o aroma convidativo.
Desconfia-se que vai aparecer mais gente do que o
previsto...
Almoço cuja sobremesa é uma rede na varanda, e a
rebatida é uma pilha de pratos pra lavar, enxugar, guardar, até a próxima
chamada geral:
_ Vai ter feijoada no quintal do Sontonho!
--
Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
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