“Baby-sitter faltou? Não te apavora.
Chama a Dona Aurora!”
Assim foi o Betinho passar umas horas
na casa da vizinha para sua mamãe ir ao dentista. O combinado nunca é caro,
então... tudo bem combinado, pacotinho pronto, no horário tratado a campainha
de entrada soa dim- dom...
Betinho estranhou a casa, estranhou
os demais moradores, e não parava de chorar. Dona Aurora se desdobrou que nem
aurora matutina, espalhando aconchego, luz e calor humano. Isso consumiu a
primeira hora de estada do Betinho em novo ambiente. A segunda hora foi usada
pelo baby a explorar todo o
território, incluindo seus habitantes. Passou de colo em colo puxando o brinco,
o cabelo, ou a barba de quem tinha.
Dos brinquedos ali existentes, nenhum
o entreteu. Só apreciou os tais controles remotos existentes na mesinha perto
do sofá. Até esqueceu-se de chorar, para chorar de rir acompanhando as
brincadeiras dos palhaços Patati Patatá.
Na terceira hora, todos cansados (menos
Betinho) era chegado o momento da mamadeira, que veio pronta, e da troca da
fralda descartável. Nesse ponto Dona Aurora, sentiu-se a mamãe de dez anos
atrás, riu, conversou na linguagem dos nenéns, beijou os pezinhos da criança e... Viu surgir seu filho que estudava no cômodo ao lado reivindicando:
_ Não acredito que você está beijando
o pezinho dele como beijava o meu quando eu era seu bebê. Pode parar. Eu que
sou seu filho né?
E o Betinho, talvez assustado com a
aparição repentina do Rei Sol...
retomou o chororô de horas antes.
_ Ai que ciumeira mais fora de hora
filhão! ‘Cê sabe o tanto que te amo.
FIM.
--
Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
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