Por Elisabeth Santos
Eis o que é um bebê recém-nascido para mim!
A ele o mundo à sua volta surpreende a cada momento.
Eu fico aguardando uma reação constante a cada estímulo, mas também não é assim que acontece.
À medida que os meses passam, novidades vão
aparecendo: se a criancinha chorava para entrar no banho, hoje chora para não
sair; se sonorizava de vogal em vogal passa a ser monossilábico, arriscando uns
sons de palavras reconhecíveis (ai= sem dor; agu=angu).
Corresponde a sorrisos, ou vai fechando os olhos e
adormece; olha atentamente movimentos de pessoas, brinquedos e móbiles
pendurados fora do seu alcance. Demonstra interesse por algum tempo.
Ao descobrir que tem duas mãos, tenta coloca-las na
boca, e nesta tentativa acaba por arranhar o rostinho. Foram suas unhas a
crescerem rapidamente exigindo monitoramento constante da habilidosa aparadora.
E neste exato momento de abrir as mãozinhas... o neném as fecha fortemente. O
que fazer? Distraí-lo para não chorar, pois quando não quer alguma coisa é
difícil convence-lo do contrário. E a chupeta, neste caso já não é a solução.
Ele empurra com a língua, e manda longe. Tenho vontade de rir. Será que posso?
Fico me perguntando: _ Como pode uma criatura tão
pequenina, acabada de vir ao nosso mundo saber tanto de suas vontades?
O pior, para mim, é vê-la chorando alto quando
cuidadosamente vou coloca-la no berço.
_ Puxa vida! Penso contrariada após ter facilitado seu
sono cantando todo meu repertório de canções de ninar.
Tento embalar seu sono ali mesmo, sem dar colo em pé,
balançado e cantado. Às vezes consigo, outras vezes não.
Não tendo como adivinhar como será hoje, trato de
avisar quem está por perto e fizer barulho:
_ Haverá revezamento. Ouviram bem?
E a “Caixinha de Surpresas” irá sempre surpreender-me
com um xixi ou cocô fora de hora porque para ela o tempo é todo dela. E eu sigo
agradecendo a Deus, que dessa vez não foi a temperatura do bebê que subiu, a
brotoeja que apareceu, ou um sonho mau que a fez acordar pedindo colo de
madrugada.
_ Seria “Síndrome do Colo”? Minha avó responderia
então:
_ Só esta hipótese que me faltou imaginar...
--
Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Leave your comments here.