_ Meu bem, a luz do porão dormiu acesa.
_ Então não dormiu.
_ Pois é...
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_ Meu bem, por que você saiu da sua oficina à noite,e
não apagou a luz?
_ Sei lá...
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Num certo dia o “SEI LÁ” e o “POIS É” resolveram ficar
amigos e andarem juntos na mesma frase, ditos pela mesma pessoa. Não deu certo.
Soavam contraditórios.
Depois de inúmeras tentativas frustradas pareceu que
aquela amizade haveria de vingar.
_ Será?
_ Pois é...
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“Pois é” é uma afirmação inconformada!
Quem a diz aceita, que aquilo não vai mudar mesmo,
então sacode os ombros num “QUE IMPORTA-ME LÁ”. Quem é entendido de colocação
de pronome e sabe que o “que” o atrai, tem que saber também das minúcias do
linguajar popular. Nunca que um _ “TÔ NEM AÍ” (acompanhado de chacoalhar de
ombros) será o mesmo do “QUE ME IMPORTA LÁ”! Até mesmo porque ali, naquele
determinado momento, ninguém está na importação ou exportação de alguma
mercadoria.
“Pois é”... ou Pois foi... ou Pois será... Enfim, a
língua é móvel (e os odontólogos que o digam) acompanha o povo, o momento
histórico e a região em que cada qual nasceu.
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Se algum dia, alguém nascido e criado na tradição
mineira estiver a escrever um Cordel, e o nome dele for José... logo, logo
poderá também ser conhecido por ZÉ do CORDÉ. Então um forasteiro chegando ali
nas Minas Gerais a indagar do senhor José do Cordel provocará risos na rodinha
de indivíduos a prosear na pracinha da igreja.
Vai bem aí um “sei lá” ou caberia melhor a expressão
“pois é” ?
_Vai saber...
--
Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
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