Recordar é reviver, então compensa lembrar
tempos idos que deixaram saudades. Infância com muitos coleguinhas e poucos
brinquedos comprados novos na loja. Brincávamos
de casinha nos quatro cantos da sala sendo os móveis de caixas de fósforos e
carretéis vazios feitos pelas mãos dos mais velhos. Miniaturas dos frascos de
perfumes viravam jarras, retalhos lotavam o guarda roupa da boneca de
roupinhas; e na cozinha bateria
completa de tampinhas de garrafas esquentavam comida num fogão sem fogo, feito
de embalagem de papelão vazia.
As disputas eram monumentais: por uma
colherinha de pau feita pelo Nhô; por uma panelinha de lata (medida do leite em
pó); por um certo funilzinho de plástico azul. Naquele mundo as comadres se
visitavam e também reclamavam da carestia e...
fofocavam.
Passados uns tempos, essa mesma turma
divertia-se no quintal balançando na rede, adquirindo rebanhos de boizinhos de
chuchu para suas fazendas, correndo atrás do cachorro Bob, subindo em árvore,
andando sobre o muro, pulando corda ou jogando bola na parede: “Ordem; seu
lugar; sem rir; sem falar; uma das mãos; a outra; um dos pés; o outro; uma
volta; bate palmas; pirueta... e fim”.
A bola acompanhou o crescimento da
meninada: queimada, vôlei, basquete, futebol (por que não?), para se eternizar
na mini que é a de pingue pongue. Nos jogos a moçada aprendeu as estratégias e
o “ganhar e perder”... com a dignidade
que a vida exigiria.
Os sonhos fizeram parte de todas as
etapas...
Sonho de estudar, ter uma profissão,
adquirir independência e/ou constituir família. Sonhava-se vendo as propagandas
ilustradas nas páginas das Seleções do
Readers Digest; de olhos fechados e dormindo, claro! Nenhum era tido como
inalcançável pelos poderes da juventude!
E chega o dia de olhar para trás e perceber
que valeu a pena. De olhar para a frente e enxergar uma nova dimensão...
Assim foi, assim é, assim será e quem
acreditou há de viver eternamente em paz.
* saudades de MAMCM e GCMC.
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