agosto 01, 2014

Recordações


Recordar é reviver, então compensa lembrar tempos idos que deixaram saudades. Infância com muitos coleguinhas e poucos brinquedos comprados novos na loja. Brincávamos de casinha nos quatro cantos da sala sendo os móveis de caixas de fósforos e carretéis vazios feitos pelas mãos dos mais velhos. Miniaturas dos frascos de perfumes viravam jarras, retalhos lotavam o guarda roupa da boneca de roupinhas; e na cozinha bateria completa de tampinhas de garrafas esquentavam comida num fogão sem fogo, feito de embalagem de papelão vazia.

As disputas eram monumentais: por uma colherinha de pau feita pelo Nhô; por uma panelinha de lata (medida do leite em pó); por um certo funilzinho de plástico azul. Naquele mundo as comadres se visitavam e também reclamavam da carestia e... fofocavam.

Passados uns tempos, essa mesma turma divertia-se no quintal balançando na rede, adquirindo rebanhos de boizinhos de chuchu para suas fazendas, correndo atrás do cachorro Bob, subindo em árvore, andando sobre o muro, pulando corda ou jogando bola na parede: “Ordem; seu lugar; sem rir; sem falar; uma das mãos; a outra; um dos pés; o outro; uma volta; bate palmas; pirueta... e fim”.

A bola acompanhou o crescimento da meninada: queimada, vôlei, basquete, futebol (por que não?), para se eternizar na mini que é a de pingue pongue. Nos jogos a moçada aprendeu as estratégias e o “ganhar e perder”...  com a dignidade que a vida exigiria.

Os sonhos fizeram parte de todas as etapas...

Sonho de estudar, ter uma profissão, adquirir independência e/ou constituir família. Sonhava-se vendo as propagandas ilustradas nas páginas das Seleções do Readers Digest; de olhos fechados e dormindo, claro! Nenhum era tido como inalcançável pelos poderes da juventude!

E chega o dia de olhar para trás e perceber que valeu a pena. De olhar para a frente e enxergar uma nova dimensão...

Assim foi, assim é, assim será e quem acreditou há de viver eternamente em paz.


* saudades de MAMCM e GCMC.



--
Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Leave your comments here.