março 27, 2020

O dia em que A TERRA PAROU

Por Elisabeth Santos

Quem profetizou foi Raulzito, com sentido de ”A ESPÉCIE HUMANA PAROU”.

Animais silvestres e/ou selvagens não pararam. Continuaram pulando de galho em galho; chocando ovos com o olhar; arrastando asas para as fêmeas; bufando para o rival; uivando pra lua cheia; cantando numa nota só; armando o bote; de boa na lagoa; caçando chifre (ou carrapato) na cabeça de égua; voando em círculo sobre carniças; procurando sarna para se coçar, mel no vespeiro, grota para o descanso eterno. E ainda... camuflando, espreitando, fugindo da raia e caçando.

Ou estão avisando aos da sua espécie, que vem vindo tempestade, ou tem inimigo a vista, com seus gritos, assobios, urros, coaxados e até canto melancólico.

Animaizinhos, formigas, abelhas e todos mais que vivem juntos aos seus semelhantes têm maneiras de se ajudarem. Quer seja por comunicação antecipada, estoque de alimentos, preparação e divisão dos mesmos, quer seja pela união no momento do ataque do inimigo comum.

A cadeia alimentar existe. Ouvi do meu atelier um canto de pássaro bem diferente, e insistente, como não havia ouvido antes. Pensei numa nova espécie visitando a árvore que vejo pela janela. Atenta, fui observar quem estaria a cantar daquela maneira. Era uma canarinha desesperada, pedindo por socorro aos colegas, devido ao inesperado ataque de um gavião aos seus filhotes no ninho. Vi a fuga rápida do predador acompanhado do bando de canarinhos de bico em riste, fazendo um barulhão. Mas aquele já havia conseguido o intento.

Fui contar para minha vizinha o fato. Ela respondeu-me com um muxoxo explicando: - Até o filhote da canarinha o gavião levou. E olha que o pequenito se encontrava dentro da casinha que tem porta minúscula!

- E o gavião pegou com o bico?

- Não. Uma pata agarrada firmemente à entrada, a outra enfiada lá dentro a pegar o filhote.
E “O planeta Terra continua girando...”




--
Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora resolveu escrever e já publicou dois livros. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

março 10, 2020

março 06, 2020

O desenvolvimento do bebê



Por Elisabeth Santos

Completados quatro meses de vida, o bebê parece outro: as cólicas sumiram; o tamanho e o peso aumentaram significativamente; o repertório dos sons foi acrescido de uma variedade de outros com que tenta conversar com os adultos à sua volta; prefere a posição assentado com apoio; gosta cada vez mais de estar fora de casa; sorri de felicidade ao perceber que está indo passear de carrinho, carro ou carrão.

O bebê interage à sua maneira, e o dia a dia com seus cuidadores está bem mais interessante. Atento aos movimentos e barulhos à sua volta, procura com os olhinhos: as luzes; o ventilador de teto movimentando; os brinquedos coloridos que balançam por ali pendurados; o ambiente diferente em que se encontra...

É como se quisesse dizer:

- Esta não é a minha casa. Que pessoas são essas? Por que ficam me bajulando?

O neném ainda não se encontra na idade de estranhar, mas quando cessa a canção de ninar, o embalo da sua condução, o rumor de pessoas à sua volta, ele resmunga. É tão novinho, mas sabe manifestar gosto por essas coisas que todas as crianças do mundo gostam. A gente acha graça. Se rimos, ele ri também. Parece que nos entende.

Quando ele chora, embora saibamos que é seu jeito de expressar, fazemos de tudo para distraí-lo. Dali a pouco ele para de chorar e deve ficar pensando no tanto de adulto bobo ele tem por perto. Uns a balbuciar imitando-o, outros a estalar os dedos, bater palmas, cantarolar e até revezando colinho bom. Neste ponto parecem até disputar qual vai ser a alquimia a resolver o que acham ser um problema: o choro da criaturinha!

Outra coisa que tentam pausar é o soluço do bebê. Seria o frio? O peito úmido de tanto babar? Qual seria a solução para soluço?

Por enquanto ele não bebe água.

Um susto resolveria?

Quem sabe uma simpatia ensinada pela bisavó?

E o soluço some sozinho, sem explicação.

O bebê?

Tá nem aí.




--
Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora resolveu escrever e já publicou dois livros. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".